À conversa com o Possessus, dos ALCOHOLOCAUST [entrevista]

Já se passaram treze anos sobre a primeira maqueta, sete sobre a terceira, e só agora aparece o álbum.
Digamos que, para abrir os portões do Inferno em nome do «Necro Apocalípse Bestial», foi preciso tirar muita ferrugem e olear etilicamente muito bem o bulldozer infernal! Ao longo dos anos, desde 2009 sensivelmente, tentámos várias vezes gravar o disco de estreia, não com estas cantigas mas com outras que acabaram por ficar na «Bêbados de Merda». Depois acabámos por cair na letargia alcoólica das moscas de bar, a vagabundear por aí noutros projectos sem futuro, até que, com a adição dos dois fígados novos do Sordidus e do Thrashminator, lá conseguimos vencer a inércia da destruição e vomitar cá para fora o disco.

E quem são hoje os Alcoholocaust?
Hoje em dia a brigada blasfémica hépato-destrutiva é constituída por mim na guitarra e no primitivismo necro-chunga, o Speed Bastardo na boémia impertinente e guitarra, infelizmente o Blaspher continua o pregador das profecias misantropo-etílicas, o Thrashminator na bateria do reino do nevoeiro infernal e o Sordidus no baixo e rituais de autodestruição.

O elogio do álcool pode fazer que sejam vistos como os Tankard nacionais, mas há muito mais que isso, em particular o crossover com o punk e algum black.
Nunca fomos exímios executores dos instrumentos destinados… Portanto, se soa bem e consegues tocar bêbado e alto, tem de soar bem!

Quais são as vossas referências maiores?
Mas quais? As etílicas ou as sonoras? Etilicamente, serão sempre a cerveja mais barata do supermercado mais próximo, o eterno charme alcoólico do vinho da casa acompanhado por um Croft mal servido numa chávena de café suja, enquanto bebes um vinho do Porto de qualidade duvidosa, servido em condições miseráveis numa visita turística ao cais de Gaia. A nível sonoro, eu e o Blaspher sempre curtimos cantar os temas de Venom e Sodom enquanto bebíamos copos no meio da serra, a lutar contra a gravidade, e a pensar o quão espectacular era o «Pleasure to Kill» como o disco mais fixe de thrash alguma vez feito…  Esse, e o «Malevolent Assault of Tomorrow» de Violent Force e o «Vengeance of Hell» de Living Death. Entretanto, a juventude que nos acompanha hoje em dia curte mais ouvir Razor… tolos.

Apesar de toda a anarquia, acabaram por surgir com uma menção na Decibel. Como aconteceu isso? Sentiram mais a exposição ou não houve grande retorno?
Isso é o departamento do Blaspher e da sua editora maldita das supremas invocações da negritude metálica do fundo do abismo metálico da morte… A verdade é que, não sei se é do fruto maldito do trabalho anterior por nós feito, ou se será da suposta qualidade do disco, mas a verdade é que praticamente não temos cópias das coisas.

Álbum, concertos de lançamento, presença em alguns cartazes, significa que há agora um projecto definido para o grupo e que vamos ter a sua presença mais regular?
Sinceramente, não queremos saber. Nunca houve e nunca haverá um projecto definido para este conjunto. Temos um par de cantigas novas, que tanto podem dar num sete polegadas, como num split, como num álbum, como em nada. Logo se vê no que isto vai dar. Entretanto, vamos bebendo copos ao som de Motörhead e Saxon, enquanto nos embriagamos a cantar estupidamente Cranium!