BARONESS: Disco a Disco #1 [entrevista]

Quatro anos depois do muito aplaudido «Purple», que lhes valeu a nomeação para um Grammy para Best Metal Performance em 2017, os BARONESS vão editar «Gold & Grey» a 14 de Junho, através da Abraxan Hymns. O quinto álbum do grupo liderado pelo muito talentoso John Dyer Baizley afirma-se como o seu trabalho mais ambicioso até à data, misturando ganchos orelhudos com a atitude exploratória que lhes tem permitido derrubarem barreiras no espectro do metal/rock alternativo. Em jeito de celebração da chegada às bandas da LOUD! #119, que tem a banda norte-americana em grande destaque, o sempre simpático Baizley ajudou-nos a dissecar a discografia do grupo.

«FIRST»
Lançamento: 3 de Agosto, 2004
Produtor: Phillip Cope
Editora: Hyperrealist Records

“Tenho imensas memórias dessa época, sobretudo porque foi a primeira vez que qualquer pessoa na banda entrou num estúdio de gravação profissional. Registar as canções assim, num estúdio a sério, ainda era uma experiência nova para nós. Até esse momento só tínhamos feito gravações caseiras, com gravadores de quatro pistas e assim. E é engraçado porque, quando fomos para o estúdio, já tínhamos um total de seis canções totalmente prontas e que podíamos gravar. A cena é que não tínhamos orçamento, por isso só gravámos no período de tempo que podíamos pagar. As gravações resultaram nos três temas que lançámos no «First». O passo seguinte foi ir para estrada e fazer concertos, sempre com a esperança de que íamos juntar mais dinheiro para voltarmos a gravar. Foi um processo muito D.I.Y. e envolveu bastante esforço da nossa parte, mas nós sempre gostámos de trabalhar. Na altura tínhamos o apoio da Hyperrealist, uma independente pequenita aqui de Savannah, parte do movimento punk de que fazíamos parte e no qual crescemos.”

«SECOND»
Lançamento: 5 de Setembro, 2005
Produtor: Phillip Cope
Editora: Hyperrealist Records

“Estes são os tais três temas que sobraram, que já estavam escritos antes de gravarmos o «First», mas que não tivemos verba para captar. Voltámos a trabalhar com o Phillip Cope, dos Kylesa, que são uma banda que sempre respeitámos, mas o processo de gravação continuava a ser algo fresco para nós. Em comparação, as gravações do primeiro EP foram bastante mais tradicionais que as do segundo – à excepção das vozes, gravámos tudo “ao vivo” no estúdio, num único take. Lembro-me que estávamos ainda mais nervosos que da vez anterior, tínhamos mais responsabilidade nos ombros. Não é propriamente fácil ter uma banda inteira, a tocar três temas do início ao fim, sem que alguém se engane. [risos] Do que me lembro, as coisas até correram melhor do que algum de nós poderia ter esperado… Como as canções estavam ligadas, tínhamos passado grande parte do ano anterior a tocá-las ao vivo em sequência e estávamos bem ensaiados. O truque era captar 22 minutos de música sem overdubs desnecessários, e sem erros. Acho que o total de duração dos temas é mesmo 22 minutos e lembro-me que, numa das tentativas, cometemos um erro daqueles que não dava mesmo para ignorar aos 21 minutos. Conseguem imaginar o stress?!”

«A GREY SIGH IN A FLOWER HUSK»
Lançamento: 2 de Julho, 2007
Produtor: Phillip Cope
Editora: At A Loss Recordings

“É importante frisar que o processo de gravação do «Second» nos ensinou uma série de coisas e, ao longo dos anos, voltámos usar o mesmo processo para gravar, mas para a captação destes dois temas voltámos ao processo mais tradicional e gravámos os instrumentos todos separadamente. Há uma das canções que tem mais de dez minutos, que se chama «Cavite», e acho que não quisemos arriscar. Na verdade, ainda não estávamos preparados para passar por aquele stress todo outra vez e optámos por fazer as coisas de uma forma mais confortável. Agora, não me consigo lembrar como surgiu a ideia de lançarmos um split com os Unpersons. Não me lembro sequer se a ideia inicial era lançarmos outro EP ou se… Não, acho que quando os temas foram gravados já sabíamos que seriam para um split. E, conhecendo as canções, é bem provável que tenham sido compostas também com isso em mente. Durante as misturas, o nosso guitarrista original, o Tim Loose, abandonou a banda, por isso é um lançamento que tem certo valor sentimental para nós. Não o sabíamos na altura, mas foi a última gravação que fizemos com ele.”