NÉVOA + OAK ao vivo no Porto [reportagem]

Lentamente, os OAK começam a afirmar-se no cenário underground, num momento em que se entra na recta final para o lançamento do seu disco de estreia. O formato guitarra e bateria já nada terá de inédito, por isso o valor deste duo passa pela densidade dos temas, ora lentos, quase melódicos, com Guilherme Henriques a murmurar as letras; ora bastante mais agressivos, com a bateria de Pedro Soares a ser alvo de uma violência extrema por parte do músico. Não é segredo que o duo é formado por dois elementos dos GAEREA e fica a curiosidade de perceber até que ponto o duo poderá voar, sem ser afectado pela agenda de um nome maior como é o caso do do outro projecto em que ambos estão envolvidos. Apresentando temas da estreia «Lone», a editar brevemente pelo selo Transcending Obscurity, o concerto foi uma viagem através de um nevoeiro denso, por vezes catártica, elevando as expectativas quanto ao longa-duração.

Alinhamento OAK: «Sculptures», «Mirror», «Abomination», «Maze».

Muito menos activos nestes últimos tempos, sem actuarem já desde Maio de 2018, os NÉVOA conseguiram quase encher a sala do Maus Hábitos. Com uma formação ao vivo diferente da do passado, o grupo conta hoje com João Freire, na bateria, Nuno Craveiro, na voz e guitarra, Francisco Braga, no baixo, Guilherme Correia, na guitarra e segundas vozes, e Julius Gabriel, no saxofone. A presença deste último instrumento associa, inevitavelmente, o som do grupo ao jazz e ao experimentalismo avantgarde e, na sala, sentiu-se que, por vezes, o seu som abafava os restantes instrumentos, assumindo um protagonismo maior. No resto, o colectivo tocou cinco temas no novo disco, ficando apenas uma faixa do alinhamento de fora. Percebeu-se claramente que continuam em mutação e, se o concerto foi indicativo do que aí vem, não terá sido a referência final, pois as novidades só virão para o ano. Talvez por estarem numa etapa intermediária, sentiu-se que falhou um fio condutor ao longo da actuação, com os temas a soarem um pouco dissonantes entre si. Para lá disso, o colectivo está em clara evolução afastando-se das raízes, o que terá criado ainda mais estranheza a alguns dos presentes. No geral, cada tema soou irrepreensível mas, no conjunto, o quadro sonoro resultou estranho. Será que se irá entranhar?

Alinhamento NÉVOA: «Atonement», «Ember Motion», «Altering Mass», «Thrice I Breathe», «With Devotional Pace».

OAK
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NÉVOA
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