REFORÇOS METÁLICOS: Vol. 4

Resolvi desta feita fazer uma espécie de edição temática, sob o título: “novos álbuns com capas que fazem lembrar a do «Courts Of Chaos» dos Manilla Road”. Sob essa ideia, aqui vos apresento três lançamentos recentes.


ANGEL SWORD
«Rebels Beyond the Pale»
[Underground Power Records, 2016]

Os Angel Sword, da Finlândia, fazem música parecida com esta capa. Um pouco tosca no geral, sem grande técnica, mas com o espírito certo. Parecem uma banda de hard rock/heavy metal dos primórdios, com alguma influência dos anos 70, e com temas bastante melódicos mas pesados. Até a gravação parece ter sido feita nessa altura. Um álbum como poucos hoje em dia, que deve ter dado trabalho extra a fazer só para alcançar a sonoridade perfeita. A voz rouca é por vezes um pouco agreste mas acaba por contibuir para a personalidade e o carisma do todo. Estas abordagens pouco ortodoxas em bandas de heavy metal podem não ter a pujança e o brilho dos vocalistas tradicionais, mas trazem algo de novo que por vezes dá origem a trabalhos excepcionais. Já assim foi no passado (por exemplo, Samain) e agora está a ser outra vez (Eternal Champion). Musicalmente a fazer lembrar os temas metal/rock de Jon-Mikl Thor ou Faithful Breath, este álbum atípico tem conquistado muitos pares de ouvidos pelo mundo, com temas de indubitável mérito metálico, como «Devastator» «Midnight survivor» ou «Lightning Runners». Aguardo pelo segundo álbum e, entretanto, conto vê-los muito em breve ao vivo, num festival chamado, acreditem ou não… Courts of Chaos!


AMULET
«The First»
[Century Media Records, 2014]
Desta capa poder-se-á dizer que foge um pouco ao tema, mas mesmo assim creio que ainda aqui cabe bem. De qualquer modo também vão ao festival Courts of Chaos e ficam bem na rubrica. Uma excelente banda de heavy metal que vai beber muito à NWOBHM… desde o logotipo até aos riffs e às letras, estes jovens londrinos fazem lembrar muito bandas como Angel Witch e Pentagram. Continuamos portanto dentro do campo do hard rock / heavy metal do período clássico… e bastante bem feito. Boas estruturas, bons contratempos, solos e leads de guitarra… impagáveis os teclados do instrumental que encerra o lado A, saídos directamente dos anos 70 (já agora, o lado B também começa com um instrumental). Letras sobre sacrifícios satânicos, heavy metal, pesadelos, etc. a acompanhar muito boa música. Há temas muitíssimo bem conseguidos, como «Wicked ‘n Cruel», «Trip Forever» ou «The Gauntlet». A versão em CD traz como bónus uma cover de «Wicked Woman», dos Coven. Tal como as demais bandas que hoje vos trago, também só têm um álbum (fora outros lançamentos menores). Veremos o que se segue, sobretudo agora que substituíram o vocalista (por um rapaz italiano).


EMBLEM
«Emblem»
[Swords And Chains Records, 2017]

E de uma editora que só lança boa música e ainda por cima com nome tirado de um tema de Gotham City, aqui temos este álbum de heavy metal francamente magnífico dos Emblem do Canadá. O tema de abertura, «The Exorcist», é das melhores coisas que tenho ouvido nos últimos tempos. Os que se seguem são também de grande qualidade. Uma cadência, um ritmo, uma bateria fabulosa, guitarras muito bem aplicadas, um festival de heavy metal contagiante. Há coisas que realmente se destacam, como os riffs óptimos, a maneira como as melodias de voz se entrelaçam com a parte instrumental que sobretudo na primeira metade do álbum é imparável, sempre a rasgar, o trabalho espantoso de guitarra em «Witch Eagle» ou «Encased in Stone», e muito mais. A voz é potente, apesar de por vezes vacilar em certas notas (sobretudo agudas), e dá um cunho pessoal, presente aliás na própria produção do álbum. Terminam com uma cover de Virtue, «We Stand To Fight», que demonstra bem o tipo de influências que o som da banda tem. Na realidade, a versão digital original incluía também uma muito boa cover dos marados Seikima II, do Japão.

Nótula 1: Não confirmei, mas parece que a capa de Emblem é tirada de uma versão cinematografica russa de um poema de Pushkin, «Ruslan e Ludmila»… terei de a ver. O que me lembra bastante é um dos filmes mais marados da história, «Zardoz», que tem um logotipo fantasticamente heavy metal e o Sean Connery com a melhor indumentária de toda a sua carreira. Ficam as recomendações cinéfilas.

Nótula 2: Esta edição dos Reforços Metálicos foi um bocado monotemática na medida em que todas as bandas partilham em muito o mesmo género musical… No futuro irei variando mais. Há tanta coisa boa para incluir aqui. Assim Lúcifer me dê tempo e saúde.

E por hoje termino com uma foto dos Seikima II, só porque sim.