TEMA A TEMA: Martelo Negro – «Parthenogenesis»

Ao quarto volume desta rubrica que nos é particularmente cara, que tal inovar um bocadinho? É certo que “inovar” e MARTELO NEGRO não costumam andar juntos na mesma frase – eles próprios definem-se como proudly obsolete -, mas desta vez lá terá que ser. Pois é, vamos dar-vos um Tema a Tema de um disco que só sairá em 2019! Assim, quando «Parthenogenesis», assim se chama a besta, vos cair em cima, já estarão um pouquinho mais preparados. Ou se calhar não. O que interessa é que o The Beyonder se deu ao trabalho de nos explicar claramente aquilo com que podemos contar, e se a antecipação já era grande, agora mal podemos esperar. Onwards!

«Intro»
Na boa tradição Venom, esta introdução é o epílogo do nosso disco anterior («Equinócio Espectral», 2014). Atmosfera espectral e fantasmagórica anunciadora de 42 minutos de lascívia lucífero-cristã e cacofonia grotesca em nome de todas as vulvas do universo! Only Midi is Real!

1. «Arcanjo Das Sombras»
O tema que dá início a este opus de cacofonia javarda. À boa péssima maneira dos Martelo Negro, exploramos aqui as dinâmicas típicas do trinómio Thomas Fischeriano, há aqui um bocadinho da «The Usurper» dos Celtic Frost, um pouco de ginga primitiva Hellhammeriana e ainda um pouco de desolação doomish dos Triptykon. Este tema é mais que uma homenagem à obra do homem, é um comboio carregadinho com os seus clichés estilísticos, um plágio ignominioso perpetrado por pulhas que há muito perderam a vergonha. Avé Lucifer!

2. «Meretriz Do Abysmo»
A vagina humana é mais poderosa que 10.000 bombas atómicas! A vagina é o mais precioso tesouro de Jeová e o instrumento primordial da manipulação dos homens deste e de outros mundos desde tempos imemoriais! Este é mais um tema de antologia miserável de tributo à grande rameira babilónica! Amantes de Impetigo e Massacre irão sofrer pequenas descargas espermatorreicas!

3. «Rameira Necromante»
O elemento feminino está bastante presente neste disco e este tema é um bom exemplo disso. Lilith, sentada no seu trono infernal, ordenou que se fizesse uma cançoneta crust punk black metal (of death) com solos à Xutos. O resultado é uma mixórdia profana de javardice que poderá servir de catalisador em moshpits de festivais onde o tédio é rei e os miúdos estão confusos!

4. «Orgias Inciáticas»
Início speed metal enganador que serve de prelúdio a mais uma descarga de necrocrust badalhoco ao serviço da Maçonaria, dos Illuminati e da Coroada Ordem da Natividade Ascencionada. Ninguém consegue parar o METAL quando este se associa à filosofia inciática! METAL é SATANÁS E OCULTISMO TOTAL, METAL não é Tolkien ou George Lucas! Na verdade, este tema não foi escrito pela banda, foi-nos ordenado durante o sono por reptilianos Anunnaki.

5. «Serpente do Caos»
Eva, desafiadora, montada no dorso da Serpente Ouroboros, espalhando o evangelho da peçonha e condenando-nos a todos à inevitável horizontalidade da morte, conspurcando o mundo, cuspindo no rosto do pai criador… A religião é mesmo uma merda mas a fantasia que nos oferece é infindavelmente inspiradora! Dueto com a sobrinha Carina Domingues dos Disthrone, num exercício de pura regurgitação proto death metal como manda a lei! Uma homenagem às verdadeiras frontwomen do Metal que optam por ser máquinas de destruição e não se entregam à pieguice bacoca com o habitual discurso das coitadinhas marginalizadas!

6. «Parthenogenesis: Vénus Conspurcada»
O mito do ventre intocado que deu à luz, a mentira que, repetida até à exaustão, se tornou verdade inquestionável. Porém, a ciência moderna atesta a possibilidade da partenogénese em algumas espécies, o que não deixa de ser curioso. O tema é também uma tentativa manhosa de replicar momentos dinâmicos e harmónicos da «Whiskey Funeral» dos Darkthrone, mas que acabou por resultar noutra coisa qualquer!

7. «Triunfo da Besta»
“Baal, Pazuzu, Samael, Belial….” Tema recuperado do passado obscuro da banda. Foi o primeiro tema que a banda escreveu com uma formação seminal de pouca duração e que incluía Monsenhor Belathauzer, ele mesmo, o derradeiro messias anunciador da nova chegada de Cristo! Como se não bastasse essa ligação obscura para que o tema fosse verdadeiramente nefário, convidámos ainda o amigo Rui Sidónio para um dueto guturalóide de proporções verdadeiramente bíblicas! Se para uns será um pesadelo, para mim é magia pura! Ter o grande Rui Sidónio a cantar algo escrito por mim é coisa que imaginava ser impossível e dá-me uma satisfação enorme! Portanto, estamos na presença de uma canção que tem puro ADN Martelo Negro, um bocadinho de ADN Filii Nigrantium Infernalium e uma boa porção de ADN Bizarra Locomotiva.

8. «Solstício Funerário»
Tema derradeiro do disco. A presença de elementos doomish faz-se notar nesta canção. Quando começámos a escrever o disco pretendíamos ter mais riffs lentos e menos bpms do que é hábitual nas nossas coisas, aliás, chegámos mesmo a equacionar a hipótese de gravar um disco inteiro com uma toada mais lenta e arrastadona. Porém, replicar vezes sem conta a «Triumph Of Death» seria apenas limitador e estúpido. Ou talvez não…

«Outro»
Mais um epílogo macabro que servirá também de prólogo ao nosso próximo disco a ser gravado algures no tempo, mais um pequeno trecho midi onde o Grande Bode é Rei e Senhor entre as suas caprinas concubinas! Ideal para quem aprecia piqueniques nocturnos!