“12 anos e 74 chicotadas”: músico fala sobre a sua condenação por tocar metal no Irão

Historicamente, o heavy metal é visto também como uma ferramenta de protesto através da música. No entanto, há países conservadores onde a religião afecta profundamente o julgamento das pessoas e acaba mesmo por impedir a sua evolução enquanto o mundo gira. Tome-se por exemplo a banda iraniana CONFESS, que sentiu na sua pele as imposições de uma cultura que parou no tempo e que se recusa a avançar conforme o resto do mundo se actualiza. Em 2019, o líder do grupo, Nikan Khosravi, foi condenado a 12 anos e meio de prisão e 74 chicotadas por blasfémia após as suas letras serem associadas ao satanismo. Por incrível e disparatado que possa parecer, o jovem músico enfrentou inclusivamente a possibilidade de pena de morte e foi obrigado a pedir asilo político na Noruega, onde deu sequência à banda com a ajuda de dois músicos locais, Erling Malm e Roger Tunheim Jakobsen. Agora, Nikan, que acaba de lançar «Revenge At All Costs», já o seu terceiro disco com os CONFESS, deu entrevista ao jornal britânico The Guardian e recordou os obstáculos que teve de ultrapassar — aliás, segundo o próprio, o título do disco acaba por ser um óbvio reflexo da sua experiência. “Este é um álbum que conta uma história“, referiu o músico. “É um olhar pessoal face a tudo o que aconteceu. Queremos deixar bem claro que não nos podem manter afastados dos nossos sonhos. O segundo álbum chamava-se «In Pursuit Of Dreams», e fomos presos duas semanas depois de lançá-lo. Estávamos apenas a ir atrás dos nossos sonhos, mas fomos parar à prisão por causa disso.” Além disso, Nikan Khosravi, que nasceu em 1993 na cidade de Teerão, recordou também que o descontentamento do governo iraniano em relação à sua arte foi tal que a pena inicial de seis anos de prisão acabou por transformar-se em 12 anos e meio, mais 74 chibatadas.