A BANDA DA SEMANA DO PAULO ANDRÉ: XAPHAN

Depois de passarmos duas semaninhas fora das Américas, cortesia do death metal dos australianos Abramelin – que suscitaram reacções bastante polarizadoras – e do hardcore suíço dos Life As War – que segundo fui posteriormente informado têm dois elementos lusos na sua formação (obrigado, Congas!) – voltamos a saltar o Atlântico para aterrar novamente nos Estados Unidos. Foi em Minneapolis – não literalmente, claro – que me deparei com uma das demos mais interessantes dos últimos tempos, da autoria destes Xaphan que até recentemente teimaram em evitar o meu radar. E digo isto porque até já integraram o The Power Of The Riff da Southern Lord, no ano passado, na sua vertente oeste, a par de nomes como Repulsion, Xibalba, Noothgrush e Eagle Twin.

Nascidos da união de elementos dos Disembodied e dos Threadbare, nomes de relevo da cena hardcore de Minneapolis, os Xaphan surgem como uma das propostas mais interessantes que me passaram pelos ouvidos no que ao hardcore metálico, pesado, downtuned e viscoso diz respeito. A demo de Setembro do ano passado, editada pela própria banda e, reza a lenda, gravada e misturada num iPad pelo próprio guitarrista Joel Johnson, faz de alguma forma lembrar outro projecto de particular interesse e expectativa face ao primeiro EP, os Whips/Chains, esses já apadrinhados por Jacon Bannon e a sua Deathwish. Três temas bem crusty, mais rápidos e directos, infectados de groove e brutalidade, e outro – o terceiro, ironicamente intitulado ‘I’ – lento e pesadão, ultrapassando os sete minutos, e tanto mais experimental quanto a atirar para o sludge. Intersectando hardcore punk com crust e thrash, aqui não há que enganar e num quarto de hora apenas estes Xaphan não deixam nem um prato inteiro para amostra. Se para uma demo assim bastou um iPad, nem quero imaginar um LP em condições.