ABBATH: «Dread Rever» | Season Of Mist, 2022 [review]

O homem está de volta. E por homem, fala-se de Olve Eikemo, mais conhecido como ABBATH. Claro que ABBATH é uma banda, mas será para sempre o homem que lhe deu o nome que está no centro das atenções, principalmente após ter tido um meltdown durante a digressão argentina que fez com que muitos tivessem dúvidas em relação a se alguma vez regressaria aos dias de glória dos tempos de IMMORTAL (cujos restantes membros basicamente sozinhos também  acabaram com o resto numa disputa pelos direitos pelo nome).  E referimo-nos aos dias de glória da sua anterior banda porque não podemos apontar a estreia dos ABBATH como um sucesso estrondoso que fez esquecer tudo o que estava para trás. Convenhamos, não sendo necessariamente maus, o trabalho homónimo e o seu sucessor, «Outstrider», não são propriamente memoráveis e não fizeram (e não fazem!) com que álbuns como «At The Heart Of Winter» deixem de ser referências máximas do seu trabalho. O que, verdade seja dita, até acaba por favorecer o espírito com que se encara este «Dread Rever».

O que esperar então de algo para o qual não há a mínima expectativa? Bem, para começar, o disco foi descrito pelo próprio músico como um trabalho mais directo ao assunto e pesado, o que já nos pode dar algumas pistas. Seja ela qual for, a expectativa será agraciada pela consistência e até pela fúria de »Dread Rever» e de certeza que vai acabar por surpreender todos os que já não davam nada pela sua carreira. Tanto da banda como do homem. Isto porque é um registo consistente, minimamente refrescante e tradicional, que nos relembra (e talvez de forma inadvertida) o já citado «At The Heart Of Winter». Excepto num ponto: não é assim tão épico. É pedal no metal, solos inspirados e um festival de riffs  que remontam à paixão primordial pelo heavy metal, e que tornam este álbum bem divertido de ouvir. E, nesse ponto, claro que faz sentido termos aqui uma versão de «Trapped Under Ice», o clássico esquecido de «Ride The Lightning», dos METALLICA. Ainda que fosse a última coisa que se estivesse à espera de ouvir neste contexto, o resultado soa muito bem.

Apreciação final? Muito positiva. Até mesmo para os fãs da segunda fase dos IMMORTAL, quando a banda começou a colocar mais elementos de metal clássicos na sua música. E isto não quer dizer que seja uma piscadela de olho a esses fãs ou a esses tempos, como poderá ter ficado implícito pelo que foi dito atrás. Essa perspectiva é inevitável de se ter ao primeiro impacto, mas após algumas audições mais atentas a ideia que fica é que este pode bem ser o primeiro LP em que o músico norueguês se conseguiu libertar finalmente da sombra dos IMMORTAL — ainda que se encontrem as óbvias semelhanças entre as duas entidades. Parece que à terceira foi mesmo de vez. [9]