Ao vivo, os TURNSTILE são mesmo uma coisa do outro mundo [tour report]

A próxima cerimónia de entrega dos GRAMMY AWARDS vai ter lugar a 5 de Fevereiro de 2023 na Crypto.com Arena, em Los Angeles, na Califórnia e, como de costume, as categorias de rock e metal são um pouco confusas. Os destaques deste ano incluem Ozzy Osbourne, inexplicavelmente nomeado nas categorias rock e metal para canções do mesmo álbum, e os Muse que, aparentemente, lançaram uma das melhores canções de metal de 2022. Enquanto as inclusões dos GHOST, para «Call Me Little Sunshine», e dos MEGADETH, não levantam grandes dúvidas, a maior surpresa na lista dos nomeados divulgada há uma semana é mesmo a presença dos TURNSTILE, que se têm vindo a afirmar. Cabem nesta categoria? Isso é discutível, mas com um passado directamente lidado ao hardcore punk, não há como negar que são uma das propostas mais interessantes (e entusiasmantes) da actualidade no que há música feita com guitarras diz respeito. Mais de duas décadas depois do vocalista Brendan Yeates ter esbarrado com o guitarrista e co-fundador Brady Ebert em Burtonsville, no Maryland (Brady tinha nove anos, Brendan apenas onze), a banda atingiu patamares que, muito provavelmente, nenhum dos dois podia ter previsto. Isso, como em qualquer caso de uma banda jovem que explode da noite para o dia, trouxe à tona críticas e reprimendas – como quando assinaram contrato com a Roadrunner Records depois de, antes da edição da estreia «Nonstop Felling», terem mandado o lendário selo “à fava”.

Estariam a sacrificar a integridade no altar da ambição?

Com «Time & Space», de 2018, os TURNSTILE calaram de vez os cínicos e lançaram as bases para um feroz ataque à música mainstream. Um proverbial flash de 25 minutos de cor e energia positiva, que levou muito boa gente a perder a cabeça. As dúvidas persistiam, no entanto. Seria possível que, ao transformarem-se numa das bandas de peso mais faladas do momento, gravitassem em direcção à corrente dominante? Parece-nos exactamente o contrário, um clássico caso em que a corrente dominante gravitou em direcção à música, que continou a ser apenas uma extensão da linguagem interna de um grupo de amigos de infância. O baterista Daniel Fang é um antigo colega de faculdade de Brendan; o guitarrista Pat McCrory, um amigo de Burtonsville. O baixista/co-vocalista ‘Freaky’ Franz Lyons acaba por ser a única carta fora do baralho, a peça que faltava para completar este puzzle. Verdade seja dita, o que fazem é o que sempre fizeram, só isso – como ficou provado em «Glow On», o terceiro álbum, editado a 27 de Agosto de 2021. Em vez de se desviarem abruptamente na direcção do rock radiofónico mais apelativo às grandes audiências, o terceiro LP dos TURNSTILE mostrou-os fiéis à experimentação e ao individualismo que fez com que os fãs se apaixonassem por eles em primeiro lugar.

Não estranhamente, é em «Glow On» que encontramos «Blackout», o tema que lhes valeu a actual nomeação para o Grammy. No entanto, algo nos diz que a exposição a que têm estado votados nos últimos tempos também acabou por ter muita influência neste piscar de olho da indústria. A par de incontáveis espectáculos em clubes a abarrotar um pouco por todo o lado, os músicos foram convidados para o Camp Flog Gnaw Carnival de Tyler, The Creator, para o Made In America Fest do Jay-Z e até para o Coachella. Dúvidas restassem em relação ao fenómeno em que se transformou, a banda andou a partilhar um tour report brilhante da mais recente rota norte-americana da TURNSTILE LOVE CONNECTION, e, muito francamente, esta sequência de vídeos ameaça descongelar até o mais frio dos corações. Em suma, o que temos em baixo é uma visão fantástica do mundo dos TURNSTILE neste momento e de como os seus seguidores estão entusiasmados. Como diz um fã a dada altura, “é como se todo o concerto fosse um mosh-pit, não está divisões!“.

TURNSTILE LOVE CONNECTION, de facto.