22 de Março. O ano é 1982. É editado o terceiro longa-duração dos IRON MAIDEN, o primeiro a contar com Bruce Dickinson. Novo vocalista, um crescimento demasiado rápido. Tudo se conjugava para algo correr mal e a banda perder terreno, como aconteceu com outras e até a eles próprios uns anos mais tarde. Raramente um novo vocalista conseguia vingar num grupo já estabelecido. Aliás, a regra ainda hoje se mantém – e, de repente, apenas David Coverdale, Ronnie James Dio e Dickinson poderão ocorrer como casos de sucesso. Contudo, a banda de Steve Harris não ficou só pela superação da sempre difícil escolha de novo vocalista. Em «The Number Of The Beast», os músicos souberam também estabelecer uma imagética e um som que os identificaria para sempre; a eles e ao heavy metal. Talvez por isso, por estes dias, além da reedição em cassete, como noticiado pela LOUD!, também houve partilha de fotos e outros documentos dessa época para gaúdio dos fãs.
E as versões? Elas existem, mesmo que o tema-título não seja fácil. Desde logo, existem inúmeras interpretações ao vivo, pelo próprio grupo, que ainda hoje prossegue a inserir o tema nos seus alinhamentos. Na altura em que se celebravam vinte anos, dois grupos tiveram a ideia de fazer as suas covers. Não necessariamente memoráveis. Fosse a dos SINERGY, fosse a dos ICED EARTH, não aqueceram nem arrefeceram. Dez anos mais tarde, celebrando as três décadas do tema, seria a vez dos germânicos KREATOR usarem uma versão num lado B de um single, neste caso «Phantom Antichrist». Talvez uma das melhores interpretações tenha estado a cargo dos DREAM THEATER e ainda hoje se encontra disponível em bootlegs oficiais da própria banda.
O colectivo sempre foi conhecido pelas inúmeras versões de outros grupos; aliás, quando de «Awake» fizeram mesmo um concerto com versões, apresentado, parcialmente, no mítico Headbanger’s Ball e cujos temas seriam aproveitados para o EP «A Change Of Seasons». Já no princípio deste século, com várias datas duplas na mesma cidade, o grupo resolveu no segundo concerto para uma dada cidade, interpretar, como bónus, um álbum na íntegra. É assim que existem versões integrais para «Master Of Puppets», dos METALLICA, «Dark Side Of The Moon», dos PINK FLOYD, «Made In Japan», dos DEEP PURPLE e… «The Number Of The Beast», pois claro. É provavelmente uma das versões mais conseguidas e fieis, que certamente agradará às tribos que vestem a camisola incondicional de ambos os grupos.
Agora, a versão realmente arrebatadora, feita de uma forma que mexe com o tabuleiro do jogo e altera as regras do mesmo, convertendo o tema numa canção de amor, é a conseguida pelos ZWAN, mais tarde DJALI ZWAN. A banda teve um tempo de vida muito curto, lançando apenas um álbum e um par de singles. É exactamente no lado B de um destes singles que fica oculta a verdadeira jóia que é a versão e que, por ele, e apenas por ele, justifica a existência deste quinteto em que pontuava Billy Corgan, dos SMASHING PUMPKINS. A construção sonora do tema é toda uma lição em como fazer uma versão tão diferente como cativante. Um verdadeiro número da besta.