BLACK BOMBAIM + KRYPTO @ Festival Rodellus, 07.08.2021 [reportagem]

Era para ser a sexta edição de um festival campestre que vinha a crescer. Era para 2020. Foi em 2021, devidamente fatiada, com a devida distância sanitária entre datas, dividindo o cartaz possível por três fins de semana. Duas bandas em cada ocasião. Rock para encerrar a coisa. Bom rock, diga-se. O festival há algum tempo que é eco friendly, rural e amigo do ambiente. Reduzido no público, cada lugar sentado dava direito a um vaso de flores e chapéu de palha. A cerveja foi uma boa desculpa para deixar cair a máscara e a circulação foi fácil, sem grandes restrições. Por momentos, quase se conseguiu pensar em música. A abertura veio com os KRYPTO. Baixo, bateria e Gon. Rock sujo, distorcido, de mau feitio. A revolta estava por lá, assim como alguma alienação própria do exorcismo típico do vocalista. Pelo meio, ainda comeu flores que lhe ofereceram. A base da actuação foi, naturalmente «Eye18», a estreia de 2019 que visita 2018, e que 2020 viu quase morrer por falta de estrada. O disco correu todo e ainda houve espaço para «A.F.»; um tema novo, ou nem por isso. Estranho ver uma banda que, neste momento, podia ser cabeça-de-cartaz, estar ainda a dar os primeiros concertos, porque pelo meio se meteu uma pandemia. Os BLACK BOMBAIM, que tocaram a seguir, não dão concertos. O trio limita-se a fazer bandas-sonoras para o pôr do Sol. Assim mesmo. Uma longa sessão de jam, entre três parceiros de mais de uma década que ora crescem para um som volumoso, ora deixam um dos instrumentos solar discretamente. Mesmo as pausas para beber água, são colmatadas por um dos instrumentos. Escutam-se os BLACK BOMBAIM e pensa-se como o Sol estará agradecido por naquela tarde de sábado ter iniciado um ocaso, com alguma melodia em fundo. Tudo resultou curto e ficou a vontade de mais festival, mais KRYPTO, mais BLACK BOMBAIM, mais rock. Mais vida. Sem máscara.

KRYPTO
KRYPTO
BLACK BOMBAIM
BLACK BOMBAIM