Sinceramente, esperávamos ter dado esta notícia mais cedo. Estávamos em Janeiro de 2022 e, na sua conta oficial no Facebook, Tony Martin deixava entender que a era em que a sua voz foi a protagonista dos BLACK SABBATH ia ser alvo de restauro e reedição. “Então, recebi uma chamada do manager do Tony Iommi e parece que agora há um acordo discográfico para a minha era de álbuns nos Sabbath! Por isso, parece que uma reedição é algo que vai realmente acontecer“, podia ler-se. Obviamente que as coisas não sucederam em 2022. Mas, em Novembro passado, Martin deu a entender que, ainda com adiamentos, as reedições permaneciam previstas e explicou os atrasos. “A política em torno das bandas é uma coisa muito estranha, para começar. Os Black Sabbath nunca foram uma banda minha. Fui contratado para transportar o legado dos Black Sabbath, o que me senti honrado e privilegiado de fazer. Por isso, não tive, e continuo a não ter, qualquer palavra a dizer no que se passa. Eles vão relançar [registos da era Tony Martin]. Não faço ideia do que está a acontecer para lá disso. Sei que vai ser no próximo ano, mas é tudo o que sei“. Esta ignorância em relação aos mecanismos editorias da banda e ao seu centro de decisões, explica Martin, não é nenhuma novidade: “Na altura, passava-se o mesmo e nunca soube realmente nada. Tinha o meu próprio manager, o Tony [Iommi] tinha um manager, o Geezer Butler tinha um manager – era um pouco à Spinal Tap. Toda a gente tem o seu próprio manager. Falavas com o teu manager, depois ele telefonava ao manager de outra pessoa para ir ter com eles e depois voltava para mim. Por isso, era um pouco louco estar na banda. Muitas vezes lia nas entrelinhas para tentar ter uma ideia do que estava a acontecer, porque as perguntas directas simplesmente não funcionavam».
Cozy Powell would have been 75 today. Looking forward to the release of the IRS albums in 2023, a tribute to his great playing. pic.twitter.com/sKTQHx4YKB
— Tony Iommi (@tonyiommi) December 29, 2022
A confirmação agora chegada não é totalmente oficial, mas vinda de Iommi é como se já estivesse gravada na pedra. No seu Twitter, a propósito daquele que seria o 75º aniversário do extraordinário baterista Cozy Powell, no passado dia 29 de Dezembro de 2022, o guitarrista escreveu: “O Cozy Powell faria 75 anos, hoje. Estou ansioso para as edições dos álbuns IRS em 2023, uma homenagem à sua grande capacidade”. Por “álbuns IRS”, Iommi refere-se aos álbuns da editora norte-americana com quem assinou contrato em 1988. Portanto, os direitos editoriais dessa época são uma manta de retalhos. Por exemplo, a Universal possui os direitos de «Eternal Idol» e, por isso, esse é o único disco cantado por Tony Martin oficialmente disponível nos serviços de streaming. Depois, «Dehumanizer» (de 1992) pertence à Warner. Ainda que tenha sido editado pela IRS, com o regresso de Dio aos BLACK SABBATH, os direitos de distribuição foram cedidos à major label nos Estados UNidos, que tinha contrato com o lendário frontman.
Discos como «Headless Cross» (de 1989), «Tyr» (de 1990), «Cross Purposes» (de 1995) e «Forbidden» (de 1995) sempre pertenceram exclusivamente à IRS. Sucede que esta label se tornou parte do grupo Universal e assim estão abertas as vias para a uniformização das reedições. No fórum oficial dos Black Sabbath, está tudo muito bem detalhado. Quanto a Tony Martin, o vocalista emprestou a voz â lendária banda britânica entre 1987 e 1991, e depois entre 1993 e 1997. Martin é o vocalista nos álbuns «The Eternal Idol», «Headless Cross», «Tyr», «Cross Purposes» e «Forbidden». No primeiro, além de Iommi e Martin, os BLACK SABBATH eram Bob Daisley (baixo), Geoff Nicholls (sintetizadores) e Eric Singer (bateria). Um line up de luxo, igualado por Iommi, Martin, Nicholls e Cozy Powell, com o baixista escocês Neil Murray. Além disso, até pela verdadeira inspiração dos riffs de Iommi aqui gravados, estes álbuns são criminalmente desprezados.
[via ROMA INVERSA]