Originalmente editado a 12 de Abril de 1994 pela Metal Blade Records, o quarto álbum do quinteto então formado por Chris Barnes na voz, Jack Owen e Rob Barrett nas guitarras, Alex Webster no baixo Paul Mazurkiewicz na bateria foi lançado há precisamente 29 anos. O muito aplaudido sucessor do explosivo «Tomb Of The Mutilated», que tinha sido lançado dois anos antes, foi gravado no período compreendido entre 12 de Novembro e 13 de Dezembro de 1993 nos estúdios Morrisound Recording, em Tampa, na Florida, com o reputado produtor norte-americano Scott Burns, com quem os músicos tinham começado a colaborar desde a estreia «Eaten Back To Life», de 1990.
O «The Bleeding» foi, por uma série de razões, um álbum de mudança para os CANNIBAL CORPSE. Foi o último que fizeram com Barnes na voz — que abandonaria a banda no ano seguinte e formaria os SIX FEET UNDER com o Allen West, dos OBITUARY — e o primeiro com Rob Barrett, ex-MALEVOLENT CREATION, na guitarra. Além disso, na altura isto não era assim tão claro, mas em 1994, depois de já terem lançado três dos mais brutais álbuns de death metal de todos os tempos, os CANNIBAL CORPSE estavam numa posição única, sendo considerados um dos nomes mais sólidos do género em que se moviam. Para onde poderiam ir a partir daí? Com o quarto álbum, os cinco músicos decidiram que não bastava focarem-se apenas na brutalidade das letras e que estava na hora de começaram a levar a composição ainda um pouco mais a sério.
O engenho funcionou: o álbum é uma peça fenomenal de death metal, com os músicos a prestarem mais atenção aos detalhes a nível da escrita e, pelo caminho, a conseguirem ultrapassar claramente os limites estabelecidos por «Eaten Back To Life», «Butchered At Birth» e «Tomb Of The Mutilated». E sim, de certa forma, o «The Bleeding» é o álbum “mainstream” dos CANNIBAL CORPSE, reunindo o maior números de temas do grupo que a maioria dos fãs reconhecem logo aos primeiros acordes. Ora vejamos, «Stripped, Raped, And Strangled» é, em muitos aspectos, a canção mais acessível que alguma vez escreveram, enquanto a «Staring Through The Eyes Of The Dead» e o tema-título continuam a manter-se incontornáveis ao vivo — quase três décadas depois de terem sido gravados. Mesmo assim, é difícil argumentar que este álbum não é puro death metal brutal — o tom das guitarras em «The Bleeding» fervilha, o Chris Barnes continua a soar tão gutural como sempre e, convenhamos, se o álbum mais “mainstream” de uma banda inclui um tema chamado «Fucked With A Knife» no alinhamento… Bem, parece óbvio que os músicos não estavam propriamente interessados em rodar nas rádios ou na MTV.