CANNIBAL CORPSE: «Butchered At Birth», mais de três décadas de brutalidade sangrenta

Originalmente editado a 1 de Julho de 1991 pela Metal Blade Records, o segundo álbum do quinteto então formado por Chris Barnes na voz, Jack Owen e Bob Rusay nas guitarras, Alex Webster no baixo Paul Mazurkiewicz na bateria foi lançado há precisamente três décadas. O muito aplaudido sucessor da explosiva estreia «Eaten Back To Life», que tinha sido lançada apenas um ano antes, foi gravado durante um período não especificado em 1991 nos estúdios Morrisound Recording, em Tampa, na Florida, com o reputado produtor norte-americano Scott Burns, com quem os músicos já tinham trabalho no primeiro disco. Pois bem, nem um ano inteiro depois, o quinteto retornou então ao estúdio para conceber mais um trabalho infame. Desde o momento em que foi lançado, o (agora) clássico «Butchered At Birth» afirmou-se como uma brutal evolução para a banda oriunda de Buffalo, no estado de Nova Iorque, com esta colecção de nove temas demolidores a apresentar-se como uma proposta ainda mais pesada e grotesca do que o já de si avassalador registo de estreia. Apoiados numa sonoridade ainda mais crua, veloz, suja, directa e brutal, ao segundo álbum os cinco músicos conseguiram elevar os níveis de intensidade a um patamar claramente superior e, pelo caminho, deram um enorme salto em termos de popularidade, estabelecendo-se como um dos nomes mais extremos de que havia memória até então.

O choque, neste caso, começa logo com a ilustração da capa na versão não censurada do disco. É verdade que, desde o primeiro álbum, o grupo tem contado sempre com as ilustrações geniais do artista norte americano Vincent Locke, mas a que foi usada no «Butchered At Birth» transformou-se numa das capas mais icónicas de sempre na história do death metal. E, claro, é sabido que nem só de imagens chocantes de faz um disco e, a esse nível, os CANNIBAL CORPSE não deixaram os seus créditos por mãos alheias. Uma intro sinistra feita de um emaranhado de guitarras que simulam uma motosserra abre caminho para os riffs impiedosos do tema de abertura, «Meat Hook Sodomy». Aí, as seis cordas cortantes de Owen e Rusay, apoiadas na secção rítmica demolidora composta por Webster e Mazurkiewicz parecem querer perfurar sem piedade o crânio do ouvinte. A voz de Barnes, por seu lado, apresenta-se ainda mais gutural que no disco de estreia e, em quase seis minutos, está dado o mote para uma das descargas de death metal mais viciosas de todos os tempos. Basta, de resto, dar uma vista de olhos ao alinhamento para perceber quão forte é este material, com temas como o de título, «Covered In Sores» ou «Vomit The Soul» (que, na versão de estúdio, conta com a participação de Glen Benton, dos DEICIDE) a terem ocupado lugares de destaque garantido nos alinhamentos da banda ao longo de quase trinta anos. Com uma reputação tão infame quanto o seu conteúdo, o «Butchered At Birth» continua a ser um clássico incontornável — não apenas no catálogo da banda, mas em todo um género.