CONCURSO DE BANDAS VAGOS METAL FEST [reportagem]

O RCA Club deu guarida à grande final do concurso de bandas onde o vencedor terá acesso a tocar no incontornável VAGOS METAL FEST. A noite de 19 de Fevereiro avizinhava-se importante não só por esse facto como também por ser o primeiro onde a entrada ao recinto foi feita sem qualquer tipo de limitação. Um motivo de regozijo para muitos ainda que não se tenha traduzido numa sala esgotada, apesar de bem composta. Esperemos que o regresso à normalidade pré-Covid não seja também um regresso aos tempos onde eventos com bandas de originais tenham dificuldades em angariar o seu público. Afinal não podemos nos queixar da falta de apoio à cultura em tempos de crise e depois quando a crise passa ficar em casa. Seja como for, para quem foi, a festa foi garantida e de altíssima qualidade com três bandas finalistas – VILLAIN OUTBREAK, FONTEGOD HATES A COWARD – cheias de bons argumentos para chegar ao tão desejado prémio.

A ordem de actuação das bandas foi decidida por sorteio e os primeiros a subir ao palco foram os algarvios VILLAIN OUTBREAK, que apresentaram um alinhamento assente numa mistura de temas editados no EP «No Story For A Hero, Chapter 1» e no álbum de estreia «Uneven;» onde o mote é uma proposta bastante personalizada de metalcore que teve um bom impacto no público embora este estivesse algo tímido e afastado do palco. Nada que Francisco Martins, o vocalista, não tentasse combater, tentando apelar diversas vezes para que as pessoas se chegassem à frente. Actuação energética que acabou num mini-crowd surfing e que provou que a banda era um forte concorrente para o tão desejado prémio.

Seguiam-se os FONTE de Linda-a-Velha, uma banda que tem uma boa base de fãs e seguidores e que muitos deles fizeram questão de marcar presença no RCA Club. Paulo Gonçalves tem substituído o vocalista Castor (que se encontra no Brasil) ao vivo e devo dizer que é uma substituição de luxo, algo que é sempre notório em todas as actuações da banda. Aquela noite não foi um excepção onde o hardcore musculado e metalizado meteu toda a sala a mexer. Soaram especialmente coesos e potentes e de certeza que assumiram-se como um dos nomes mais fortes para ir tocar à edição 2022 do Vagos Metal Fest. De destacar o impacto de «Louco» com aquela costela sinistra doom metal a ser sempre bem sucedida em se tornar memorável e a trazer dinâmica à sua actuação.

Para o final ficaram os GOD HATES A COWARD, a banda que venceu a etapa de Lisboa no já longínquo ano de 2020 antes do Covid dominar tudo (eramos tão felizes e não sabíamos). Podemos dizer que o seu som é diferente, talvez até desajustado das outras duas bandas concorrentes, no entanto isso não lhes retira valor, nem lhes retirou impacto numa sala que recebeu muito bem o seu stoner/prog instrumental de braços abertos. As dinâmicas são completamente diferentes mas ainda assim é difícil ficar indiferente à música quando a qualidade é indiferente. Algo que o público presente comprovou muito bem e certamente tornou a decisão bastante difícil para encontrar o grande vencedor – que já temos a informação de que foram os Fonte com 49% dos votos, ficando os God Hates a Coward com 30% e os Villain Outbreak 21%.

O conceito de retomar a normalidade ainda pode ser frágil – até porque a normalidade depois destes dois anos certamente será algo utópico – mas não deixou de ser positiva esta noite de música no RCA Club tendo em vista um dos maiores festivais de Verão nacionais e que agora todos acreditamos que se vai finalmente realizar após dois anos de ausência.

Fotos: Sónia Ferreira