Nos últimos anos, os custos das digressões dispararam, as vendas de discos caíram e os serviços de streaming não são propriamente uma fonte rentável. Dani Filth, o carismático vocalista dos CRADLE OF FILTH, falou recentemente sobre o assunto numa entrevista com filial grega da revista Rock Hard e revelou o quão difíceis estão as coisas nos dias que correm. “A situação em piorado bastante nos últimos anos“, começou por dizer Dani. “Acho que 2006 foi o ano em que tudo deixou de ser confortável para os músicos — bem, não necessariamente confortável; nunca foi confortável. Mas a verdade é que as coisas se tornaram muito mais difíceis com o início da era digital e o surgimento das plataformas de streaming, que não pagam a ninguém. O Spotify é um desses casos, os tipos por trás dessa plataforma são os maiores criminosos do mundo. Acho que tivemos 25 u 26 milhões de reproduções no ano passado e, pessoalmente, ganhei um total de 20 libras, o que é menos do que a actual taxa de trabalho por hora.”
Mais adiante na conversa, o músico britânico não se fez rogado e explicou que a ideia generalizada de que os músicos que tocam em bandas grandes são milionários não poderia estar mais longe da verdade. “Acho que as pessoas têm a capacidade incrível de acreditar que quando um músico tem produtos físicos à venda está a ganhar uma fortuna com isso“, explicou ele. “As pessoas não percebem que, além de nós, há muito mais gente a querer a sua fatia da tarte — a editora que nos promove, o manager, os contabilistas. E isso é um problema quando não estás a fazer muito dinheiro, porque não há grande coisa para dividir. Hoje, as bandas lançam edições limitadas a pensar nos coleccionadores, que são as únicas pessoas que ainda compram discos; o resto do pessoal ouve a música em streaming e pronto. Não forma de negá-lo; a indústria da música está a passar um mau bocado. Eu continuo a gostar muito de fazer música — não me interpretem mal, adoro fazê-lo — mas, sim, os músicos têm um milhão de obstáculos contra eles. Estamos a passar por um momento muito difícil.“
Recorde-se que, recentemente, Dani Filth, vocalista e único membro fundador resistente dos CRADLE OF FILTH, falou também como o site Metal Injection e, durante a conversa conduzida por Dillon Collins, revelou alguns detalhes sobre o próximo trabalho de estúdio do grupo. Segundo Dani, o disco invoca o espírito de alguns dos primeiros discos da banda, o que pode agradar aos fãs mais saudosistas. “Como é óbvio, vai ser uma extensão do «Existence Is Futile», porque é nosso o próximo álbum“, começou por explicar o músico. “No entanto, acho que é diferente. Para começar, tem uma vibe muito «Dusk… And Her Embrace». A essência do material, as letras e a sensação geral fazem despertar em mim um grande lote de emoções e fazem-me sentir muito nostálgico sobre esses anos em particular. Pode não ser assim para mais ninguém mas, para mim, são esses os sentimentos que desperta. Faz-me lembrar essa vibração e essa atmosfera“. De seguida, o cantor e compositor explicou também que o próximo disco vai ter influências de diferentes ramificações da música extrema. “Na verdade, não consigo descrevê-lo porque há muita coisa a acontecer“, confessa ele. “Há muitas vibrações diferentes, lentas e rápidas, intrincadas, há referências à New Wave of British Heavy Metal e, claro, black metal. É um álbum dos Cradle of Filth. E é por isso que é muito difícil descrevê-lo aos jornalistas. Não vou estar a colocar palavras na boca das pessoas porque, para alguns, o disco representa algo diferente do que representa para outros“. O mais recente álbum de estúdio dos CRADLE OF FILTH, intitulado «Existence Is Futile», foi editado em Outubro de 2021.