DIMMU BORGIR: «Enthrone Darkness Triumphant», o álbum que os transformou num fenómeno à escala global

Toda a gente com um interesse, mesmo que periférico, pelo boom do black metal dos anos 90 sabe que o «Enthrone Darkness Triumphant» marcou um passo de gigante para os DIMMU BORGIR. E sim, é lógico que ter por trás o apoio de uma empresa financeiramente tão forte como a Nuclear Blast tornou mais fácil chamar a atenção da cena para a banda norueguesa — uma estratégia de marketing muito inteligente, uma rede de distribuição bem desenvolvida e uma produção impecável foram, sem margem para dúvidas, pilares importantes para o sucesso do álbum. No entanto, como sabemos, uma empresa, por si só, nunca conseguiria garantir a um disco o estatuto de clássico se a música não estivesse a um nível superior, e o «Enthrone Darkness Triumphant» é um título que merece esse elogio. Quais foram, então, os outros factores que catapultaram a banda então composta por Shagrath, Silenoz, Stian Aarstad, Tjodalv e Nagash para o topo do movimento black metal?

Bem, para começar, o quinteto tinha a proveniência a jogar a seu favor: a banda chegava-nos da Noruega, o novo epicentro do género — o que, em 1997, era sem dúvida uma enorme vantagem. Depois, estava no lugar certo à hora certa e, por último, mas não menos importante, conseguiu escrever uma colecção de onze canções impressionantes. O disco começa logo com a «Mourning Palace» que, como sabemos, continua a ser uma das canções favoritas dos fãs e com razão, pois contém uma linha de sintetizador instantaneamente reconhecível e uma bridge fantástica com os arpeggios dos teclados e um riff melódico clássico. De seguida, os músicos mantêm o ritmo com a «Spellbound (By The Devil)» e a «In Death’s Embrace», duas canções que incorporam o melhor da combinação guitarra-sintetizador-piano-duplo-bombo que os tornou famosos. E, daí até ao fim, não nos dão descanso, saltitando entre moods que tanto podem resultar numa faixa composição como a «Entrance», com a sua cativante peça para piano, como na inteligente reformulação da «Raabjørn Speiler Draugheimens Skodde», do «For All Tid», ou até na bombástica «Master Of Disharmony», que não soaria totalmente deslocada num disco de melodeath feito em Gotemburgo.

De muitas formas, a vertente sinfónica do black metal atingiu o seu ápice artístico em 1997, com grupos de renome a lançarem os melhores trabalhos das suas carreiras nesse ano. Exemplos? Ora bem, o «Anthems To The Welkin At Dusk» dos EMPEROR, o «Dusk… And Her Embrace» dos CRADLE OF FILTH e o «Enthrone Darkness Triumphant» dos DIMMU BORGIR foram todos editados em 1997. A verdade é que, naquele que é o seu primeiro lançamento totalmente em inglês, a banda de Shagrath e Silenoz optou por uma produção mais e, com a sábia ajuda do sueco Peter Tägtgren, pegou no seu som e deu-lhe um brilho que, naquela altura, parecia incrivelmente fresco. E sim, se por um lado ninguém pode negar que essa opção acabou por afastá-los da ortodoxia sonora que dominou a segunda vaga, por outro também não tornou o álbum repentinamente “não black metal”, como muita gente gosta de dar a entender. Feitas as contas, os DIMMU BORGIR não se venderam com o «Enthrone Darkness Triumphant», o sucesso à escala global é que foi ter com eles.