Discos, livros e produtos culturais sujeitos a taxas e mais taxas

Num gesto que pode ter passado despercebido a muitos, as taxas de IVA mudaram e há cuidados a ter, não só na burocracia que pode estar envolvida, como nos custos finais de uma operação. Uma conta Paypal, ou um cartão de crédito, eram as formas mais usuais de fazer compras na internet. Bastava visitar uma qualquer loja internacional e escolher, encher o cesto de compras e pagar no fim. Os mais atentos, podiam ainda olhar a preços e comparar serviços. Claramente, era óbvio que em muitos artigos, mesmo com os portes, era mais barato adquirir fora de portas, por vezes com tempos de entrega em tudo similares aos nacionais. Para lá da oferta de maiores dimensões, os preços quase sempre se revelavam mais atractivos, pois o IVA era pago pelo valor do país onde estava sediada a loja virtual. Um simples CD podia oscilar entre três e cinco euros de diferença, por exemplo. Mesmo algumas lojas nacionais, optavam por regular os seus preços de forma a que a diferença entre a compra em território nacional, ou fora, com portes incluídos, fosse mínima, para assim permanecerem atractivas. As mudanças são várias, dentro e fora do espaço da União Europeia e conjugam alterações ao IVA e Brexit. Dentro do espaço da União Europeia, todas as compras passam a ter IVA aplicado, quando antes, tal só sucedia para compras superiores a 22 euros. Por outro lado, o IVA a ser cobrado passa a corresponder à taxa aplicada no país da morada de entrega. Desta forma e sendo Portugal um dos países com mais taxas, o contribuinte português passa a pagar mais numa compra. O caso agrava-se quando as taxas sobre produtos culturais são ainda maiores entre países que a taxa standard de IVA, podendo, um livro, passar a custar mais três ou quatro euros, por exemplo, graças a esta nova legislação.

Noutra perspectiva, com a saída do Reino Unido da União Europeia, lojas como Amazon inglesa ou Book Depository, passam a estar fora do espaço de livre comércio e os bens adquiridos a estas contam como importação. Também aqui passa a haver alterações, pois a partir de 1 de Julho, qualquer artigo passará a pagar taxas de importação, sendo necessário desalfandegar as mesmas, num processo que se pode revelar ainda mais burocrático e doloroso que o habitual. A pensar nos novos modelos e na necessidade de desalfandegar mais artigos, os CTT criaram mesmo um portal aduaneiro, para facilitar o processo. Mesmo assim, esperam-se muitas surpresas nestas primeiras semanas. Aconselha-se que as próximas compras sejam feitas com calculadora ao lado e comparando muito bem preços entre empresas. O uso de aplicativos como a bookstores.app pode também ajudar. A LOUD! em diversas simulações, entre empresas britânicas e da união europeia, facilmente concluiu que certas compras passam a ser mais baratas feitas numa loja europeia, quando antes era o contrário.