EM FOCO: Inhaling, «Darkest Black» [Edição de autor]

Lançaram o primeiro tema meses atrás, mas apenas esta semana revelaram todo o seu primeiro disco. Chamam-se Inhaling e é mais um projecto resultante da união entre Max Tomé e Miguel Inglês. Há já um par de anos, Inglês e Tomé encontraram-se e trocaram ideias. Daí nasceram vários projectos e participações musicais. Os Octopod foram criados de raíz por ambos, ao mesmo tempo que Inglês acabava a participar nos Axia e nos Colosso, projectos antigos de Max. Agora surge Inhaling, que o duo descreve o som como “industrial death metal”. Juntos, nas suas próprias palavras, fizeram a fusão de influências de nomes como “Godflesh, Meshuggah, Black Tongue e Vildhjarta.” O resultado é este primeiro trabalho que agora surge, intitulado «Darkest Black», que foi antecedido pela faixa «Boneless», meses atrás. “Quisemos fazer tudo com bastante calma e aprimorar o álbum o máximo possível, dentro das nossas capacidades,” refere Max Tomé, para justificar a diferença temporal entre primeira malha e álbum… que até estava previsto ser apenas um EP.

A dupla, mais associada ao death, grind e groove metal, entra, com este projecto, no campo do industrial, embora não esquecendo outras componentes. O gosto pelo industrial “surgiu de algumas experiências de novos sons que fomos partilhando entre nós,” refere Max. “Mais uma vez, notamos que o gosto por bandas como Godflesh, Black Tongue e Meshuggah, entre outros, é comum entre nós, e como o estilo é completamente diferente do que já fizemos até agora decidimos optar por um novo nome.” Miguel Inglês, também presente em Equaleft, assume mesmo que sempre gostou desse tipo de som. “Mais industrial, mais negro, por isso a cover de Godflesh também estar incluída, quando começámos a partilhar os sons vimos que a sonoridade teria que ser desta forma mais densa e intensa.” Inhaling, nome da banda, “surge um pouco como brincadeira,” explica Max. “A ideia original era misturar o nome da banda com o título do álbum, o que acabou por acontecer, mas de forma mais subtil.” O álbum intitula-se «Darkest Black», conforme referido, por isso façam-se adivinhas sobre o lado subtil da mistura. Verdade é que a capa do disco é negra, e o logótipo é irreconhecível, como se tratasse de um grupo de death ou black metal. “Pessoalmente vejo Inhaling como a coisa mais negra e absurdamente pesada que quero e consigo fazer,” refere novamente o músico. “Durante as gravações das vozes do tema «Boneless» não conseguia parar de rir, por ser tão ridiculamente pesado e obscuro.” Mesmo assim, é estranho que o grupo não tivesse apostado na escrita de novos temas para Octopod, afinal o primeiro projecto de ambos, mais próximo deste. Para Miguel, a razão passa por uma simples opção pessoal. “Gostamos de fazer as músicas com o feeling certo e não por obrigação, mas admito que no futuro haverá mais temas de Octopod pois a inspiração não se esgotou.”

Desde o princípio que este projecto foi assumido para ser tocado ao vivo. Sabe-se como Max raramente actua ao vivo com os seus grupos, mas desta vez é o próprio a manifestar a vontade de tocar. “Sim, pessoalmente quero tocar ao vivo com este projecto,” confirma. “Quanto a músicos e datas, ainda vão ter que esperar mais um bocado pelo anúncio.” De acordo com Inglês, até pode mesmo haver mais: “Acho que vamos mesmo ter que transportar estes temas para um concerto e admito que também para Octopod e Axia já se pensou o mesmo. Com calma vamos ver o se conseguirá,” fecha Max, permitindo alimentar a esperança. Certeza é não existirem mais projectos na calha. Para Max, também músico e produtor em Inhaling, “este será o projecto definitivo e, na minha óptica, o mais sério.” Já do lado dos Equaleft, “tivemos alguns atrasos normais, mas vamos iniciar as gravações em Outubro, a pré-produção foi já feita,” revela Miguel. Para o popular vocalista, “o bom de estar a trabalhar nos projectos é que nos faz evoluir e faz-nos libertar a música que em nós e que se calhar não a poderíamos fazer em alguma das bandas pois não encaixaria, por isso Inhaling veio mostrar um pouco do lado negro da nossa alma musical.” Um lado negro que agora vê o disco sair em formato digital, falando-se já em edição física muito limitada. A assinalar as nove faixas reunidas em «Darkest Black», um novo vídeo, desta feita para a faixa «Devoid Of Power», um dos melhores exemplos do som deste interessante disco que encerra com «Post Self», versão dos Godflesh, porque os dois músicos não possuem reservas em esconder as “origens”.