EM FOCO –» LAST PISS BEFORE DEATH, «Last Piss Before Death» [Raging Planet]

Pedro Lourenço, “andava a tocar numa banda de rock, mas com vontade de fazer algo dentro do metal”. Assim simples. “Um esboço de um tema” acaba por ser entregue a Edgar Alves em 2015, e fica “apalavrado um dia avançarmos com o projecto”. É “depois de um encontro num concerto no Sabotage, já em 2019, que decidimos ser tempo de avançar e assim o fizemos”. Edgar ficaria na voz – no currículotem os LBH, X ALTERNATIVE e VULKANIK, agora também nos ALLGEMA. Quanto a Pedro Lourenço, ficou com a guitarra, tendo antes passado pelos FALLEN SEASONS, YSGA, WOMAN IN PANIC e DOLLAR LLAMA. Na cabeça de ambos, a ideia era formarem uma banda de thrash old school e carregado de groove. Para a secção rítmica recrutam Eduardo Caturra, no baixo, e João Gama, na bateria. O groove dos LAST PISS BEFORE DEATH começa então a ser cozinhado com o primeiro registo a surgir através do tema «Devil’s Road», malha orelhuda que consta do disco de estreia e apareceu pela primeira vez em Outubro de 2020, descrita como “uma ode ao sex, drugs and rock’n roll”. No vídeo fazia-se a homenagem aos espaços lisboetas associados à cultura underground.

Era um mundo que agora descreveríamos como quase perfeito, mesmo que na altura já se vivessem tempos de pandemia. No pós-COVID, Pedro faz um balanço que não lhe parece “muito positivo, infelizmente. Aos poucos os concertos estão a voltar, mas alguns espaços fecharam. Agora resta saber se haverá público novo para o metal em Portugal, porque estes dois anos foram desgastantes e há muitos velhotes que nunca mais vão voltar a sair de casa. Ironia à parte, o músico tem estado na estrada e até poderá ter a sua razão. O tempo passou, os momentos para edição não foram os adequados e, pelo meio, lá surgiu mais um single, intitulado «Tear Down The Walls». Onze meses depois, através da RagingPlanet, chega a vez do álbum homónimo ver a luz do dia. Ao contrário da trend estabelecida de OSDM, os músicos surgem com um death moderno, com múltiplas inspirações e a fazer a ponte para um metal mais orelhudo e com groove. Logo em «Electric Ballroom» há toda uma mistura de sons, entre bateria à Igor Cavalera, estrutura melódica à FEAR FACTORY e… muito groove, pois claro. Em «Out Of Luck», para lá do bom shredding, há ali um pedal duplo presente, que assenta o lado extremo de um tema bem orelhudo. Vocalmente há mais audácia que capacidade, mas conta a intenção. Sente-se que os PANTERA foram incorporados em algumas estruturas, bem como os SEPULTURA. Nunca em excesso, apenas como referências naturais para amantes de música extrema.

Descreverem-se musicalmente é “a pergunta que evitamos responder”, diz Pedro. “Por um lado, seria muito redutor descrever a nossa música e poderíamos estar a afastar novos fãs, por outro também não gostamos de nos comparar a outras bandas/estilos, porque somos um grupo recente ainda com muito por aprender e tal seria simplesmente ridículo e arrogante da nossa parte”. As comparações ficam então para o exercício da crítica, recordando sempre que comparar não significa o mesmo que acusar de plágio, mas encontrar pontos-chave que poderão atrair novos ouvintes, talvez movidos pela curiosidade. “Pessoalmente nunca iria referir Pantera como influência ou música industrial, mas todas essas influências existem em nós e muitas outras bandas”, refere o guitarrista. “Cada um tem as suas preferências pessoais, mas gostamos de pensar que é nos ensaios e da discussão de ideias que surge a luz que guia a nossa música… ou será a escuridão? Pelo menos por enquanto há uma chama que nos move e já nos pôs a compor temas novos!”. Este positivismo é salutar, principalmente num momento em que o disco começa a ter divulgação e a estrada produz frutos. “Não estamos propriamente a fazer uma digressão por Portugal, mas planeamos fazer alguns concertos estratégicos um pouco por todo o país”, explica Pedro Lourenço. “Por muita vontade que haja de tocar em todo o lado, nem as nossas vidas pessoais nem o preço da gasolina permitem fazê-lo, por isso temos sempre de pensar muito bem e medir os prós e os contras antes de confirmar uma data”. Neste caso, há uma data interessante e forte para breve quando, no próximo dia 10 de Junho, se juntarem aos GRINDEAD e HOLOCAUSTO CANIBAL no Avenida Café Concerto, em Aveiro.