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FONTE + M.E.D.O. + DOINK + CENTOPEIA @ RCA CLUB, Lisboa | 12.06.22 [reportagem]

Matiné escaldante no RCA Club, em Lisboa, que também marcou o final de uma digressão relâmpago que percorreu Portugal de norte a sul em apenas três dias — na sexta-feira, 10 de Junho, no Bafo de Baco em Loulé, com os URUBU como convidados e com os M.E.D.O. como cabeças-de-cartaz; no dia seguinte, no Porto, com os ALL KINGDOMS FALL como convidados e os DOINK como cabeças-de-cartaz. No Domingo, no RCA Club, coube aos CENTOPEIA abrirem e aos FONTE encerrarem a festa. Na sala, que podia estar mais cheia, sentiu-se desde início um calor intenso, com esta super banda que são os CENTOPEIA a despejar o seu rock/sludge cheio de groove e poder. Não faltaram temas já incontornáveis como «Parasite», «Your God» e «October  Seventh» (tema de homenagem a Sérgio Curto “Bifes”, que está sempre presente em espírito e que, neste Domingo, esteve representado pelo filho pequeno que estava entre a assistência. Concerto sólido e muito bem recebido pelo público. Seguiram-se os DOINK, de Vila Nova de Gaia, uma banda que desafia os preconceitos que possamos ter em relação à mistura de rap/hip-hop com rock/metal. Isto porque não é preciso muito para nos conseguirem incutir o groove que temas como «Anos 90» e «Tás T’Armar» têm com fartura, sendo que o nome principal que surge como referência são mesmo os BIOHAZARD.

Os M.E.D.O. são um dos nomes grandes da cena hardcore nacional. Ponto. O facto de estarem localizados no Algarve impede que os vejamos frequentemente, pelo que isso ainda fez com que esta actuação fosse mais preciosa e cheia de energia. De tal forma que a bateria não aguentou com a violência, algo que se viria repetir um pouco no resto da tarde. Três discos às costas e um pouco de cada um num alinhamento que, com um som fortíssimo e a energia em alta, foi curto e não teve qualquer ponto fraco. O final chegou com «Cadáver», do mais recente «Monopólio da Violência». Para terminar, os senhores da casa: FONTE, de Linda-a-Velha. Já começam a faltar adjectivos para descrever o alto nível das performances deste conjunto. De certeza que também ajudou o ritmo dado pelos três concertos em três dias, mas o que é certo é que o peso do seu metal/hardcore está cada vez mais acutilante em temas como «A Teoria Do Caos», «Já Dizia O Outro» e «Louco». Os problemas com a bateria foram uma constante, mas nem isso impediu que o concerto mantivesse a fluidez. O final viria com mais um “tributo” ao “Bifes”, com a «Vi Deus Na Cama Com O Diabo», original dos DR. BIFES E OS PSICOPRATAS, num final mais que apropriado para aquilo que foi uma tarde de família hardcore. Curioso é perceber que, apesar dos diferenças entre géneros musicais, apesar das distâncias geográficas, apesar das dificuldades e de mais ou menos público, a festa faz-se sempre de forma memorável.

Fotos: Sónia Ferreira