IRON MAIDEN: 40 anos de «Piece Of Mind»

Perdoem-me o extenso prelúdio. Tive um estranho percurso no que respeita os IRON MAIDEN. Ao contrário do que terá acontecido com grande parte de quem nos lê, a banda inglesa não fez parte das minhas bases. Ou melhor, fez, só que de uma forma ténue. Lembro-me de ter tenros dez aninhos – ainda cegamente convicto de que os MANOWAR eram a banda mais barulhenta do mundo (“santa” ignorância!) – quando vi em casa de um amigo de infância, por entre vídeos dos METALLICA, uma cassete com o vídeo-clip de «Be Quick Or Be Dead». Os cinco primeiros discos dos METALLICA e os quatro primeiros dos MEGADETH preenchiam, na altura, boa parte do meu imaginário musical e até eram mais pesados, porém algo naquele clip tinha um toque sinistro que me atraiu à primeira. Lá consegui uma cassete do álbum completo e confesso a minha desilusão, após as duas ou três primeiras audições. Não era, de todo, o que esperava. Onde estava a urgência e a intensidade da canção que vira e ouvira no “teledisco”? Aquilo que fazia do «Kill ‘Em All» e até do «Kings Of Metal», os meus álbuns favoritos à época. Ainda hoje, acho que o «Fear Of The Dark» só é superado pelo «No Prayer For The Dying» como pior disco dos MAIDEN. Mas foi bom descobri-los assim…

Só voltei à Dama de Ferro uns três anos depois, quando saiu o «The X Factor». Pedi aos meus pais para me comprarem um CD e transformei um simples dia de compras em família numa bela relação de longo prazo com a Dama de Ferro. Adorei o «The X Factor» e decidi ir atrás dos outros discos. Tinha de recuperar o tempo perdido. O primeiro que arranjei, numa cassete já bem cansada, emprestado por alguém que já não me lembro (obrigado na mesma!), foi o «Piece Of Mind». A minha percepção dos Maiden mudou para sempre! Foi uma lavagem cerebral de que precisava. Totalmente distinto do «The X Factor» (injustamente subvalorizado), era tudo aquilo que, inocentemente, procurar no «Fear Of The Dark» e não tinha conseguido encontrar. Alma, fulgor e capacidade de arrebatar.