JOEY JORDISON vs. SLIPKNOT: Ascensão, queda e ressurreição

Hoje passam dois anos desde que nos despedimos de JOEY JORDISON, o carismático baterista e membro fundador dos SLIPKNOT.

Joey Jordison, ex- baterista e membro fundador dos SLIPKNOT, faleceu no dia 26 de Julho de 2021, aos 46 anos de idade. Em comunicado, a família revelou que o músico faleceu pacificamente enquanto dormia, mas não especificou a causa da sua morte. Nascido a 26 de Abril de 1975, em Des Moines, no Iowa, Nathan Jonas “Joey” Jordison começou por tocar em bandas locais como os death metallers MODIFIDIOUS e os THE HAVE NOTS, antes de se juntar aos jovens metalheads THE PALE ONES, que mudariam de nome para MELD e, posteriormente, por sugestão do próprio Joey, para SLIPKNOT corria o ano de 1995. Em poucos anos, a formação do colectivo de Des Moines expandiu-se para nove membros e, já depois de um lançamento auto financiado e de ter assinado contrato com a Roadrunner, o álbum homónimo de estreia do grupo, editado em 1999, atingiu finalmente a marca de dupla platina graças às digressões constantes e aos explosivos espectáculos ao vivo no Ozzfest. A década seguinte foi de crescimento exponencial, com a banda, apoiada em álbuns de enorme sucesso como «Iowa», «Vol. 3: The Subliminal Verses» e «All Hope Is Gone», a afirmar-se como um dos grandes fenómenos de popularidade saídos do movimento nu-metal. Comprovadamente uma das peças fulcrais do projecto, tendo sido responsável e co autor de alguns dos seus temas mais conhecidos, o baterista acabaria por ser afastado da banda a 12 de Dezembro de 2013, com os SLIPKNOT a anunciarem através do seu site oficial que Jordison tinha deixado a banda, citando “razões pessoais“. Em resposta, o músico divulgou também um comunicado esclarecendo que tinha sido, de facto, despedido e afirmando que o grupo tinha sido a sua vida nos últimos 18 anos e que “nunca o abandonaria, nem aos meus fãs.

Embora a imprensa tenha especulado acerca dos rumores que indiciavam haver alguma tensão entre o baterista e Shawn Crahan e Corey Taylor, aparentemente essa não teria sido a razão para a saída do baterista. Quando nos separámos do Joe foi, honestamente, apenas por necessidade. Darmos os primeiros passos para seguirmos em frente sem ele foi uma das coisas mais difíceis que já fizemos — a vários níveis, foi tão difícil como tentarmos seguir em frente sem o Paul“, explicou Taylor à Metal Hammer UK em 2015, referindo-se ao membro original e baixista Paul Gray, que faleceu em 2010. No entanto, cerca de um ano após essa entrevista, o próprio Joey Jordison acabaria por confessar, à mesma revista, que sofria de uma doença nervosa chamada mielite transversa, um tipo de esclerose múltipla que lhe paralisava as pernas. Segundo ele, essa teria sido a verdadeira razão para o seu afastamento dos SLIPKNOT.Tudo começou no final dos concertos de homenagem que fizemos para o Paul”, explicou o baterista ao jornalista Dom Lawson, referindo-se à morte Gray e à subsequente digressão mundial que o colectivo levou a cabo do Verão de 2011 até Agosto de 2012. “Estávamos no Canadá e aconteceu algo comigo, mas que não sabia o que era. Estava super doente. Uma pessoa pode estar doente e continuar a tocar, mas isto era algo que nunca tinha sentido antes na vida. Descobrimos que o que tenho é mielite transversa aguda. Uma condição neurológica que atinge a medula espinhal e destruiu completamente as minhas pernas. Foi como se me tivessem cortado as pernas. […] Era uma dor como nunca tinha experimentado na minha vida, e algo que não desejaria ao meu pior inimigo.

Quando o músico regressou a casa dessa digressão com os SLIPKNOT mal conseguia andar e, a 21 de Agosto de 2012, foi internado no hospital Mercy West em Des Moines, com diagnóstico de alguma forma de paralisia na perna, mas sem saber exactamente o que se estava a passar. Dez dias depois, foi transferido para a unidade neurológica do Hospital da Universidade do Iowa, compreensivelmente apavorado e extremamente confuso com sua deterioração física. “Foi terrível”, recordou o músico. “Os médicos disseram-me que havia uma hipótese muito grande de não conseguir voltar a andar novamente. Hoje, quase consigo correr, mas na época nem me conseguia manter de pé. Estive acamado uma série de tempo, mas foi ajudado por algumas pessoas fantásticas, que me ensinaram a andar novamente“. Joey teve finalmente alta do hospital em Outubro de 2012 e começou um regime de terapia física e ocupacional extremamente longo, mas que lhe permitiu vencer a bizarra condição neurológica. No início de 2013, começou então a trabalhar no álbum de estreia do projecto SCAR THE MARTYR — que criou após a separação dos shock rockers MURDERDOLLS — e ainda fez uma nova leva de concertos com os SLIPKNOT no Japão e na Europa. Talvez por isso, mesmo sem conhecimento dos seus graves problemas de saúde, a notícia de que Joey tinha sido afastado da sua banda de sempre foi um enorme choque para toda a gente — incluindo o próprio músico.Estava deitado na cama com a minha mulher depois de mais uma sessão de reabilitação para meus problemas de saúde e estava tudo estava bem, mas quando dei por isso…”, recordou ele a Lawson. “Reunião da banda? Não houve nenhuma. Um aviso do manager? Não, nada. Tudo que recebi foi um e-mail estúpido a dizer que estava fora da banda. Eu não merecia essa merda depois de tudo que fiz e tudo aquilo por que passei.

Sobretudo agora, à luz das revelações acerca do seu estado de saúde na altura, a decisão de encerrar uma parceria de longa data de forma tão abrupta não pode deixar de parecer extremamente insensível. Joey, no entanto, nunca foi pessoa de guardar rancores. “Acho que eles ficaram confusos sobre os meus problemas de saúde e, obviamente, nem eu sabia o que se estava a passar no início”, disse Joey. “Eles pensaram que eu estava com problemas com drogas, o que não era verdade. Não os culpo por terem ficado preocupados, mas quando as pessoas são amigas e passaram por tantas coisas juntas, tentam conversar umas com as outras. No entanto, não guardo qualquer sentimento mau em relação a eles, porque segui em frente com minha vida. Estou mais feliz que nunca. As pessoas precisam de seguir em frente, têm de fechar a porra do capítulo e, no final, é o que é.” Provas faltassem da grandeza de espírito de Jordison, aqui está a maior de todas. Além de ter ajudado a criar os SLIPKNOT e os VIMIC, o prolífico Jordison tocou guitarra nos MURDERDOLLS e bateria com os SCAR THE MARTYR, além de ter feito participações especiais em gravações de OTEP, dos NECROPHAGIA, SATYRICON e ROB ZOMBIE. Em 2005, foi uma dos responsáveis pela criação de vários supergrupos para o projecto ‘Roadrunner United’, que comemorou o 25º aniversário da Roadrunner Records. A 20 de Maio de 2016, o músico anunciaria a criação do supergrupo de metal extremo SINSAENUM, ao lado de elementos dos MAYHEM e DRAGONFORCE, com os quais gravou três EPs e os álbuns «Echoes Of The Tortured» e «Repulsion For Humanity», editados em 2016 e 2018, respectivamente.