MAIDEN uniteD: #seisperguntasloud!
[entrevista]

Há bandas de versões, e dos IRON MAIDEN não são poucas, mas os MAIDEN uniteD são especiais. Com quatro álbuns de estúdio já editados e concertos um pouco por toda a Europa, este projecto holandês apresenta temas clássicos dos gigantes do heavy metal executados e re-imaginados de uma forma acústica. Os fanáticos, esses, serão surpreendidos com algo que, provavelmente, nunca imaginaram ouvir. Em antevisão à estreia em território nacional, a 30 de Abril, no RCA Club, em Lisboa, fomos fazer umas perguntas a Joey Bruers, o estratega do colectivo que também inclui Frank Beck, dos GAMMA RAY, na voz.

#1: Como surgiu esta ideia de fazeres versões acústicas de temas dos Maiden?
Eu tenho um piano em casa e, com frequência, acompanhava os temas dos Iron Maiden – a questão é que, salvo raras excepções, eles não usam um piano na sua música. Hoje têm temas como a «Empire Of The Clouds» ou a «Journeyman», mas até dada altura, não usavam o instrumento. No entanto, eu divertia-me imenso a tocar os temas em casa, no piano. Como é lógico, senti necessidade de criar novos arranjos para as canções e a ideia inicial, eventualmente, surgiu assim. Pensei “se me divirto tanto a fazê-lo, provavelmente vai haver mais fãs que também vão gostar de ouvir os temas nestas versões diferentes”.

#2: Mas ainda demoraste algum tempo a materializar a ideia, não foi?
Pois, a ideia já estava na minha cabeça há uns anos, mas sempre tive receio de a concretizar, porque sabia que as pessoas podiam adorar ou odiar. Isso era um pouco assustador! O empurrão que faltava foi dado pelo Fã Clube holandês dos Iron Maiden. Havia uma convenção todos os anos e eu já lá tinha tocado com o meu outro projecto, os Up The Irons, três ou quatro vezes, por isso convidaram-me para fazer algo diferente. Perguntaram-me se tinha alguma ideia e eu disse que sim, que tinha. Achei que, se calhar, era uma boa ocasião para testar as águas e decidi ir em frente. Foi em 2006 que o fizemos em palco pela primeira vez… E foi assustador! [risos] Felizmente correu tudo bem, as pessoas receberam as canções de uma forma muito entusiasta e, meio ano depois, fizemos uns espectáculos na Holanda, Bélgica e Alemanha. E as reacções foram boas outra vez, por isso em 2007 decidi parar, rever todos os arranjos e começar a gravar. Lançámos o primeiro disco três anos depois.

#3: A formação do grupo é rotativa e tens conseguido atrair a atenção de vários músicos de renome — a Anneke Van Giersbergen, a Sharon Den Adel ou o Blaze Bailey, entre muitos, muitos outros. Tem sido relativamente fácil gerir os convidados ou nem por isso?
Nem por isso! [risos] É muito fácil ter a confirmação de que querem estar envolvidos, porque todos eles foram influenciados pelos Iron Maiden. Se lhes pedir para se juntarem aos Maiden UniteD, é quase certo que vão aceitar. Para ser muito sincero, ainda ninguém me disse que não, mas há nomes que estão na lista e com os quais ainda não houve tempo para uma colaboração. Porque parte mais difícil surge depois, que é eles arranjarem tempo para puderem estar em palco ou no estúdio quando eu gostaria que isso acontecesse. Há que lidar com os managers, com os esquemas de trabalho deles, com os horários… E, às vezes, chega mesmo a ser desesperante, porque é muito difícil reunir toda a gente à mesma hora, no mesmo sítio. Felizmente, a partir do momento em que estamos todos juntos, a trabalhar apenas na música, tem corrido sempre tudo muito bem.

#4: Podes apresentar-nos a banda que te vai acompanhar em Lisboa?
Curiosamente, o Frank Beck, que é o vocalista dos Gamma Ray, estava na minha lista há já algum tempo. Ele é um vocalista fantástico, tem uma presença de palco maravilhosa e… Tinha participado apenas num concerto nosso na Alemanha, por isso desta vez abordei-o para fazer uma digressão. Ele estava disponível, aceitou e as coisas têm estado a correr muito bem. Na guitarra temos o Daan Janzing, que é o produtor dos nossos últimos discos e até já tinha feito alguns concertos connosco, mas nunca uma tour completa. O Dirk Bruinenberg, dos Elegy e Place Vendome, é o baterista e, a completar a formação, temos o Polle Van Genechten, que é o pianista mais talento que temos neste momento na Holanda. Tem 19 anos, começou a poder beber legalmente cerveja no ano passado e podia ser meu filho, mas… [risos] É um músico incrível, está é a primeira digressão que faz e está mesmo muito entusiasmado, por isso trouxe uma energia enorme aos espectáculos.

#5: Quais foram os temas mais complicados de reinterpretar?
Não me perguntes porquê, mas no primeiro álbum decidimos fazer o «Piece Of Mind» na íntegra. [risos] E foi muito, muito complicado. O «Mind The Acoustic Pieces» foi, provavelmente, o disco que nos tomou mais tempo de todos os que fizemos. Tivemos imensos problemas com a «To Tame A Land» e com a «Quest For Fire», por exemplo. Mas foi divertido na mesma… Aliás, acho que foi mais divertido ainda, porque damos mais valor às coisas quando elas são difíceis de atingir.

#6: O «Piece Of Mind» é o teu álbum favorito dos Iron Maiden?
Dos antigos, é certamente um dos meus favoritos. Mas, para ser muito sincero, o meu preferido de sempre é o «A Matter Of Life And Death». Musicalmente, se tivesse mesmo de escolher, era esse que escolhia. No entanto, o «Seventh Son Of A Seventh Son» também tem um lugar muito especial no meu coração, porque foi o primeiro álbum dos Iron Maiden que comprei com o meu dinheiro. E o «Powerslave» também vai ser sempre especial, porque foi o primeiro que ouvi… [risos] Enfim, essa é uma das coisas mais fixes com uma banda como a deles – é impossível ter só um favorito, porque há vários discos que foram importantes em diversas fases das nossas vidas.