MARILYN MANSON: 22 anos de «Holy Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death)»

Lançado originalmente a 11 de Novembro de 2000 numa joint venture entre a NOTHING (de Trent Reznor) e a Interscope, o quarto álbum de MARILYN MANSON foi editado há exactamente 22 anos. O disco foi produzido por Manson em colaboração com Dave Sardy, nos estúdios The Mansion, Holly Studios, Sunset Sound Factory e Westlake Recording Studios, todos em Los Angeles, na Califórnia, em vários períodos temporais entre 1999 e 2000. Provando que a sua obra poderia ser muito mais elaborada do que muita gente tinha previsto inicialmente e, no que toca ao posicionamento do álbum dentro de seu catálogo existente, para o «Holy Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death)», o Sr. Brian Warner optou por uma abordagem semelhante àquela que George Lucas adoptou para as suas “Star Wars”.

Embora fosse o seu quarto longa-duração no geral, o disco funcionaria como a primeira parte de uma trilogia que também incluía os anteriormente lançados «Antichrist Superstar» e «Mechanical Animals» — e, à semelhança desses dois álbuns, entrelaçaria elementos de ficção com pedaços da vida real de Manson. Resultado: o disco foi muito inspirado pelos incidentes traumáticos durante a juventude do cantor, bem como pelas experiências que viveu após o massacre de Columbine. “Esta história pode ser interpretada a vários níveis“, disse na altura Manson à Rolling Stone sobre o álbum. “Uma das formas mais simples será dizer que é sobre um menino que quer tornar-se parte de um mundo para o qual não se sente adequado. A amargura e a raiva que sente transformam-se numa revolução dentro dele próprio, e o que acontece é que a revolução se torna apenas mais um produto. Quando ele percebe que é tarde demais, a sua única escolha é destruir o que criou, que é ele mesmo.

Ao contrário do predecessor «Mechanical Animals» — que minimizou a angústia e a agressão em favor de canções decadentes e um pouco mais optimistas, fortemente influenciadas pelo David Bowie da era Ziggy Stardust — o «Holy Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death)» marcou um retorno ao metal industrial e misantrópico do «Antic nhrist Superstar». Canções como «The Fight Song», «Disposable Teens», «The Nobodies» e «Burning Flag» brotavam das colunas de som alimentadas por batidas militantes e apresentavam um trabalho de guitarra impetuoso e experimental, cortesia de John 5. A própria voz de Manson, mais rancoroso que nunca, suava veneno em relação ao poder estabelecido que, na sua mente, levava os adolescentes não-conformistas ao limite. Duas décadas depois, a humanidade ainda não se destruiu totalmente, mas o «Holy Wood» continua a soar tão relevante como quando foi editado — e é, sem margem para dúvidas, uma entrada incontornável no catálogo do shock rocker norte-americano.