MAX CAVALERA não acha que o «Roots» seja “um disco de nu-metal”

O álbum clássico de 1996 «Roots», dos SEPULTURA, sempre foi um álbum incrivelmente divisivo entre os fãs da banda brasileira. Com os músicos a concentrarem-se muito mais no groove e nos riffs simplistas, em vez de se centrarem no espancamento furioso que dominou discos como «Arise» e «Beneath The Remains», o «Roots» tem sido bastas vezes descrito como o “disco nu-metal” do grupo, mas Max Cavalera não o vê, de todo, dessa forma. Numa entrevista com o iRock, o músico disse que a abordagem do álbum é “mais homem das cavernas” no seu estilo, reiterando a ideia que o «Roots» foi feito na altura perfeita e que há muitas pessoas que o adoram. “Não creio que tenham dado ao disco uma verdadeira oportunidade“, começou por dizer Cavalera. “Para mim, o «Roots» é um disco muito pesado… E penso que algumas canções, como «Straighthate», «Spit», «Ambush» e «Endangered Species» são tão pesadas, rápidas e brutais como o que tínhamos feito até ali. Mas lá está, colaram-nos um rótulo, que depois ficou na moda. Talvez por isso, há quem o ligue ao nu-metal. No entanto, pessoalmente não acho que o «Roots» seja um disco de nü-metal. Na verdade, penso que é o oposto – é mais homem das cavernas na abordagem. É mais simples, sim; tem riffs mais simples, mas também tem percussão muito pesada“. Mais à frente na conversa, Max explica que “por si só, na essência, para mim é um disco especial, com certeza. Não vou dizer que é o meu favorito porque é como escolher qual é o teu filho favorito; não é correcto fazer isso. Não quero escolher entre discos dos Sepultura; gosto de todos. Mas para mim, o «Roots é como… É uma ideia. Nasceu no momento certo. E era apenas uma ideia louca que eu tinha em mente, gravar com índios brasileiros e levar isso para o metal. Penso que foi muito ambicioso e muito corajoso. Porque não há muita gente que faça isso com a sua carreira; não há muita gente que jogue tudo ao ar e faça um disco com ideias loucas como essa. Muita coisa podia ter corrido mal“.

Originalmente editado a 20 de Fevereiro de 1996 pela Roadrunner Records, o sexto álbum da mais influente e respeitada das bandas brasileiras de metal foi lançado há 26 anos. O sucessor do também muito influente e aplaudido «Chaos AD», que tinha sido lançado três anos antes, foi produzido pelo então muito requisitado Ross Robinson nos estúdios Indigo Ranch, em Malibu, na Califórnia. Fiel ao seu título, o «Roots» revelou-nos uns SEPULTURA mais experimentais e tribais que nunca, a abraçarem com todo o coração os ritmos brasileiros que já tinham dado um ar da sua graça no «Chaos AD». Aprimorando a música com gravações dos índios Xavantes e com uma preciosa ajuda do cantor e percussionista Carlinhos Brown, que orquestrou e gravou as secções de percussão, os músicos tornaram-se numa das propostas mais inventivas no metal dos 90s. Agora menos focados na rapidez do thrash, o que pode ter desiludido alguns fãs dos discos anteriores, os riffs denotam uma crescente influência do metal alternativo que estava a surgir na altura, com os KORN a serem uma referência muito importante em muito do que se ouve aqui. Na altura ninguém o poderia prever, até porque na altura o quarteto brasileiro estava prestes a transformar-se num dos grandes nomes do metal, mas o «Roots» marcou também a última gravação com o vocalista, guitarrista e membro fundador, Max Cavalera.