MIKE PATTON fala do regresso aos palcos após uma depressão e batalha com o alcoolismo

No próximo dia 28 de Outubro, os DEAD CROSS — o super-grupo hardcore que junta Mike Patton, Dave Lombardo, Justin Pearson e Mike Crain — vai lançar o seu muito esperado segundo álbum, «II», que vai ser o primeiro sinal de vida de Patton desde que foi assolado por problemas de saúde mental em plena pandemia, que culminaram depois no cancelamento de todos os espectáculos que os FAITH NO MORE tinham agendados e também uma tour com os MR. BUNGLE, originalmente anunciada para 2021. Em Julho, o cantor falou pela primeira vez sobre a sua luta com uma depressão profunda numa entrevista à Rolling Stone. Agora, numa nova conversa com o The Guardian, Patton detalhou de forma ainda mais profunda a sua batalha com a depressão e o alcoolismo, e também falou — com um misto de excitação e trepidação — sobre o seu regresso aos palcos, programado para acontecer em Dezembro, com alguns espectáculos dos MR. BUNGLE na América do Sul. “Como estive tanto tempo tão isolado, sair à rua era algo muito difícil de fazer, e isso é uma coisa horrível“, recordou Patton, que foi diagnosticado com agorafobia. “A ideia de fazer mais concertos com os Faith No More… Era stressante. Afectou-me mentalmente. Não sei porquê, mas a bebida apenas… Aconteceu”. O cantor acrescentou que está sóbrio “há algum tempo” e está “a passar muito bem”, frisando que está entusiasmado por voltar à estrada, mas que também está “com medo“. “Tenho medo de mim próprio”, disse Patton de forma algo críptica. “A banda é sólida e eu quero ter a certeza de que estou ao mesmo nível”, acrescentou. Os MR. BUNGLE têm cinco datas agendadas para Dezembro, incluindo o Knotfest Chile e o Knotfest Brasil.

Em Julho, MIKE PATTON quebrou um longo silêncio, explicando que os problemas que teve durante a pandemia não desapareceram totalmente, mas garantiu que está melhor. “É fácil dizer que a culpa foi da pandemia“, elaborou Mike. “No entanto, para ser sincero, no início da pandemia pensei que ia ser uma maravilha, porque podia ficar em casa a gravar. Tenho o meu estúdio em casa, por isso não antevi qualquer problema. Depois alguma coisa mudou, e fiquei completamente isolado, quase antissocial e com medo de pessoas. Esse tipo de ansiedade, ou o que lhe quisermos chamar, levou a outros problemas, que prefiro não discutir. Tive ajuda profissional e já me sinto melhor. No final deste ano vou dar os meus primeiros concertos em dois anos; nunca estive tanto tempo sem actuar“. Segundo o cantor, os problemas começaram a aparecer pouco tempo ainda antes dos FAITH NO MORE voltarem à estrada. Foi aí que me passei, e não foi bonito, recordou ele. “Uns dias antes, disse-lhes que achava que não ia conseguir fazer aquilo. Tinha perdido a confiança e não queria estar frente às pessoas, o que é estranho, porque é o que passei metade da vida a fazer. Foi difícil de explicar, mas tive de o fazer, senão podia ter acontecido alguma coisa muito má. No lugar deles, teria ficado muito chateado, e eles ficaram. E provavelmente ainda estão. No entanto, temos de conhecer os nossos limites. Sei que, se tivesse continuado a insistir, o resultado podia ter sido desastroso. Decidi que tinha de tomar conta de mim.” Embora tenha recebido todo o apoio possível dos seus companheiros de banda na altura do anúncio, Patton confessou não saber o que o futuro reserva. “Não sei. Podemos reagendar as coisas; ou não. É tudo um pouco confuso e complicado. Portanto, se o fizermos, tudo bem. Se não o fizermos, tudo bem também“.