MÖTLEY CRÜE e MICK MARS trocam acusações na sequência do processo legal de MARS

Os MÖTLEY CRÜE emitiram um comunicado em resposta ao processo legal instaurado pelo guitarrista Mick Mars, que foi revelado na passada sexta-feira, e as acusações que dispararam ao seu ex-guitarrista são brutais. Nos documentos, Mars acusa a banda de o ter prejudicado o financeiramente e explica que o músico foi afastado em vez de deixar a sua posição voluntariamente (como tinha sido vinculado na imprensa. Além disso, Mick ainda vai mais longe, acusando o baixista Nikki Sixx de o “manipular” e revelando que os espectáculos dos MÖTLEY CRÜE na digressão de despedida de 2015 foram em grande apoiados em faixas de apoio pré-gravadas. Em resposta, a banda enviou colectivamente um comunicado à Loudwire, em que afirma que Mars está errado nas suas acusações, que Mars concordou com um salário menor depois de se retirar da estrada, que Mars deve milhões de dólares à banda e que sua forma de tocar não estava à altura da tour de 2015. É precisamente nessa parte que as coisas ficam feias.

Os Mötley Crüe tocam sempre as suas canções ao vivo, mas durante a última digressão, o Mick teve de lutar para se lembrar dos acordes, tocou as canções erradas e cometeu erros constantes que levaram à sua saída da banda“, pode ler-se como comunicado do grupo. “Hà várias declarações da equipa da banda que atestam o declínio dele e que são mais uma prova de que a banda fez de tudo para protegê-lo. Tentámos sempre manter esses assuntos privados para assim honrarmos o legado do Mick e seguirmos o caminho certo. Infelizmente, ele optou por entrar com esse processo na justiça para falar mal da banda. A banda sente empatia pelo Mick, deseja-lhe boa sorte e espera que ele possa obter uma melhor orientação dos seus conselheiros que são apenas movidos pela ganância.” Até aqui, tudo bem. Está tudo muito profissional, até cordeal. No entanto, uma declaração subsequente também fornecida à Loudwire pelo manager de produção Robert Long apelidou o desempenho de Mars como “impraticável e muito difícil de gerir“, acrescentado e que o guitarrista se “esquecia consistentemente de acordes e músicas, por isso a banda teinha que parar e reensinar essas partes ao Mick, para lembrá-lo dos arranjos.

Mick Mars, por seu lado, respondeu de volta à declaração dos MÖTLEY CRÜE. Em entrevista à Variety, o guitarrista diz que a banda tentou substituí-lo durante toda a sua carreira e que as acusações que lhe são feitas de não se lembrar de temas são totalmente falsas. “As coisas às vezes são distorcidas por causa de outros membros da banda“, começou a explicar o músico. “Não sei se devo dizer isto, mas… Esses tipos estão a martelar-me, a tentar substituir-me, desde 87. Não foram capazes de o fazer, porque sou o guitarrista. Ajudei a formar a banda. Criei o nome, são as minhas ideias, o dinheiro que recebi de um patrocinador para começar a banda. […] Há anos que insistem que tenho uma memória má. Isso é uma merda totalmente desproporcionada. Por volta de 2012, quando começaram a dizer que não me lembrava as canções, cheguei a casa e consultei todos os meus médicos — mantenho-me firme, sou um velho bastardo. Toda a gente lhes disse que não havia nada de errado comigo. E agora ainda estão a jogar esse jogo. […] “Sabem, eu vou fazer 72 anos e estive em tour com esses tipos durante 41 anos, a ajudar a construir a marca, a ajudar a fazer isso e aquilo.

Sobre as suas alegações no processo de que 100% das partes do baixo e algumas partes de bateria e voz estavam pré-gravadas e não foram tocadas ao vivo na última digressão que fez com o grupo, Mars disse: “Sim, nesta digressão em particular, o baixo do Nikki era 100% gravado. Da bateria do Tommy, pelo que sei, havia muita coisa pré-gravada. Não posso dizer que tenha gravado tudo, mas houve alguns relatos de pessoas na plateia a dizerem que ouviam a bateria a tocar e o Tommy não estava no palco. A música começou, e o baterista não está lá. Coisas assim. Na verdade, tudo o que fizemos naquela digressão de estádio foi gravado, porque se não o fizéssemos, se perdêssemos uma parte, a fita continuava a rolar. De qualquer forma, esses foram os piores concertos já feitos com a banda. Foram 36 em vez dos 12 originalmente programados porque eles sabiam que eu queria afastar-me depois disso. Não sei, e não posso dizer que sei com certeza, mas tenho um bom pressentimento de que eles queriam que eu me fosse embora de qualquer forma. Porque é o que querem desde sempre. Para mim é só frustrante. Estou muito chateado que me estejam a fazer esta merda, quando carreguei esses sacanas nas contas durante anos.

lguns meses depois de Mick Mars ter anunciado a sua retirada dos palcos, o TMZ revelou que o guitarrista está agora a processar os MÖTLEY CRÜE. O músico alega que foi removido “unilateralmente” da banda e que o seu afastamento representou um significativo corte na sua fonte de rendimento, apesar de ter garantido ao grupo que podia gravar no estúdio e continuar a compor. No final de Outubro, um representante de Mars divulgou um comunicado que tornava pública a decisão por parte do músico de deixar de fazer digressões devido à sua luta com a espondilite anquilosante, mas frisava que o guitarrista continua a ser tecnicamente um membro da banda. Os MÖTLEY CRÜE, por seu lado, não demoraram muito tempo a revelar que John 5 os ia acompanhar na estrada e foi exactamente isso que aconteceu em todos os concertos que fizeram de 2023 até agora. Segundo o processo legal instaurado pelos advogados de Mars, os músicos tiveram inclusivamente uma reunião para discutir o seu futuro como membro do grupo e, na ocasião, ficou claro seria capaz de gravar em estúdio e fazer “apresentações limitadas”. No entanto, o músico explica que, uns dias depois, foi “unilateralmente” removido do grupo , com a sua parte nos lucros a ser reduzida de 25% para 5%, já que não participaria nas digressões.

O processo alega ainda que o baixista Nikki Sixx “manipulou” Mars acerca das suas capacidades e prestações ao vivo, com o timoneiro da banda a dizer-lhe que tinha “disfunção cognitiva” e que as actuações se estavam a tornar “inferiores” por causa dele. No entanto, Mars nota que Sixx “não tocou uma única nota no baixo durante toda a digressão que os dois fizeram juntos nos Estados Unidos“, uma vez que todas as suas partes foram aparentemente pré-gravadas, assim como algumas linhas vocais de Vince Neil e partes de bateria de Tommy Lee. Aqui importa recordar que, há apenas umas semanas, o baterista Carmine Appice disse ao Ultimate Guitar que Mars não estava feliz com as condições em que a sua última tour com os MÖTLEY CRÜE decorreu e o músico tinha inclusivamente viajado separado do resto da banda. “Basicamente, estava tudo gravado”, disse Appice. “A verdade é que está tudo muito estranho há um tempo e o Mick não gostou que estivesse tudo gravado. Disse-me que achava que as pessoas percebiam isso“. O processo de Mars, que pode ser consultado na íntegra aqui, exige apenas que a banda entregue documentos sobre os seus negócios para resolver a disputa.