No decorrer da pandemia e até ao final do verão de 2021, apenas fotografei um concerto – o da apresentação do projecto a solo do Hélio Morais, como Murais. Aconteceu no Lisboa ao Palco, no dia 20 de setembro de 2020, às 19 horas. Felizmente tive a oportunidade de poder acompanhar os mesmos músicos grande parte do dia, sendo o ponto de encontro o conhecido e já mítico estúdio HAUS.        

O Hélio é mais conhecido como músico integrante na bateria dos Linda Martini e dos Paus – bandas que dispensam qualquer tipo de apresentações. E, marcou presença em palco neste concerto de apresentação nas teclas e na voz, acompanhado pelo Miguel Ferrador nos sintetizadores e sampling, o João Vairinhos na bateria, e o João Cabrita no saxofone.

O Ricardo Dias, mais conhecido como “Congas” – vocalista dos For The Glory – e também conhecido pelo seu trabalho como técnico, acompanhando inúmeros artistas ou como elemento de parte da produção de outros inúmeros eventos e contributo na comunidade hardcore – foi quem os acompanhou durante o dia, sendo o road manager.

Para quem possa não ter conhecimento, a maioria destes músicos foram alguns dos impulsionadores e contribuintes – de início de era dos anos 90 e 2000 – do underground da comunidade punk / hardcore em Lisboa. Entre tantos e outros contributos de todos, o João Vairinhos tocou em bandas como os Day Of The Dead, e o Miguel tocou com o Congas em Seize The Day. O Hélio fez parte dos Shoal, e dos As Good As Dead, e mais fora do contexto do punk / hardcore, dos If Lucy Fell. 

Durante o dia foram partilhadas com nostalgia e generosidade histórias e momentos de época. Relembrou-se entre outras coisas a cena straight-edge que se viveu nos anos 90, onde houve um crescimento significativo desta cultura e movimento em Portugal. Reunindo assim uma comunidade crescente e dando visibilidade às suas bandas e princípios éticos. Tudo isto também igualmente baseado numa ética de DIY, sem qualquer tipo de organização ou intermédios institucionais onde grande parte da divulgação passava por flyers e fanzines.

Com a evolução, a internet ajudou como meio de comunicação e divulgação dos ideais que orientaram este estilo de vida contribuindo para a velocidade desse crescimento e o impacto que veio a ter nos anos seguintes ao seu surgimento. É importante celebrar músicos que passaram ou que ainda fazem parte desta comunidade. E, que deixaram o seu marco ou pegada e contributo enorme, mesmo tendo seguido ou explorando outros caminhos – relembrar, celebrar e passar aos que chegam.