NEGRO MAIS PROFUNDO #02

Após um split com BELTANE, em 2009, intitulado «Return To Isen-Gate», em finais de 2021, os nacionais ARKENTONE regressaram com «My Own Blasphemy», com edição da Au-To-Dafe Prod. Segundo Laldaboath, responsável pela guitarra e bateria, “nem reparámos que tinham passados onze anos desde o último lançamento”, pois “muita coisa se passou durante este tempo, deste assuntos pessoais até mesmo termos estado um tempo a trabalhar com Celtic Dance”. De facto, a origem de ARKENSTONE resulta de uma cisão, em 1998, com o grupo. Para o guitarrista, o duo sempre sentiu que “que mais tarde ou mais cedo iria aparecer algo como Arkenstone e o resultado está aí”, com Tzaboath, responsável pelo baixo e voz a recordar que ambos tocam “juntos talvez desde 1991/92, por isso já nos conhecemos bem”.

O novo disco, surgiu primeiro em cassete, em 2021, através da brasileira Unholy War Productions, e só em 2022 recebe edição em CD. “Por acaso foi mais fácil arranjar editora para a edição em tape que em CD”, afirma Laldaboath,“ “Chegámos a contactar algumas editoras mas no fim resolvemos trabalhar de novo com a Au-To-Dafe, sempre tivemos as portas abertas com eles mas o nosso objectivo era mesmo trabalhar com editoras europeias”. É via Bandcamp da editora que se pode escutar e adquirir o disco em formato digital. Numa tradição do grupo, as capas das duas edições são diferentes, com a de CD a cargo da Belial Necroarts. Curiosamente, a edição em cassete acabou mesmo com maior tiragem que a de CD. “Sempre gostei do formato tape, até tenho uma editora/distribuidora, a Satanhades Productions, mais vocacionada para o lançamento de tapes”, afirma Tzaboath. Lembrando que “os anteriores álbuns tiveram edições em tape e queremos continuar a privilegiar esse formato, acho que continua a ser uma edição mais dedicada ao underground, apesar de agora também estar na moda”.

O disco contém seis temas, dois deles versões. «Nightly Dreams», logo a abrir, revela um black metal rápido e crú, a típica rawzada com influência nórdica. Já «Spirit Of The Dead», revela-se mais melancólica, embora evolua para um som dentro do black cru, mesmo que inserindo uma componente mais épica, através do som de guitarra. Este tema tinha sido disponibilizado como avanço, ainda em 2021. A terceira faixa, «Loneliness Thougths» é a mais ousada e destaca-se no disco. “Essa faixa em particular fala sobre a solidão e depressão, e achamos que um toque folk no meio ficaria bem. Contém raw black metal, dsbm e folk metal, uma grande mistura, mas acho que ficou bastante original”, diz Tzaboath. O último tema original é «The Valley Of Unrest», directo, sem grandes invenções, se calhar com mais um minuto de música que o desejável, mas contendo todos os ingredientes do género. Finalmente, o disco completa-se com «My Evil Soul», original dos MOONBLOOD, e «Black Metal Kommando», dos SATANIC WARMASTER. “São duas bandas de que ambos gostamos e que seguimos há vários anos“, explicam. O disco resulta bem, dentro do estilo, sem grandes invenções e riscos, mostrando como o underground de black nacional continua activo. Um regresso, ou afinal não, pois para Laldaboath, “será e haverá sempre uma continuidade. Quando será? Bem… isso ninguém sabe. Mas espero e temos planos para não ficarmos tanto tempo sem apresentar novos trabalhos com Arkenstone”.