O NERGAL, dos BEHEMOTH acha que, hoje em dia, “99% dos discos de metal” soam robóticos

O Sr. Adam Darski, mais conhecido como Nergal, é um tipo com opiniões e, volta e meia, surpreende com afirmações polémicas. Numa entrevista recente com a publicação australiana Heavy Magazine, o líder e estratega dos metaleiros extremos BEHEMOTH falou sobre seu desejo de fazer com que o 12.º álbum de estúdio da sua banda, intitulado «Opvs Contra Natvram», “soasse mais orgânico“, especialmente quando comparado com o seu antecessor, «I Loved You At Your Darkest», de 2019. Até aqui tudo normal mas, como é seu apanágio, o músico polaco não conseguiu evitar lançar também umas “farpas” à competição. “Hoje em dia, todas as bandas — todas, literalmente –, de heavy metal, thrash, death, o que quer que seja, dizem ‘ah, conseguimos aquele orgânico som.’ Eu ouço esses discos e não encontro nada de orgânico ali. 99% dos discos soam robóticos“, disparou o músico na conversa que pode ser escutada na íntegra em baixo. “Cada maldito click, cada bombo, cada tarola, cada parte do disco soa exactamente ao mesmo. Não é orgânico. Orgânico é quando a música flutua, quando há dinâmica, quando sobe e desce. E foi por isso que trabalhámos com o Joe Barresi, que misturou o LP. Ele é conhecido pelo trabalho que fez com os Nine Inch Nails, os Queens Of The Stone Age e os Monster Magnet, entre outros. Basicamente, são banda de rock, bandas tradicionais. E faz as misturas à moda antiga. Não usa Pro Tools. Quer dizer, ele usa o Pro Tools, mas quando termina uma música puxa os botões todos para baixo e começa do zero.

Detalhando um pouco mais o processo, o músico explica que, ao trabalhar com Barresi, não é fácil fazer mudanças ao produto final. “Basicamente, o Joe faz o trabalho dele e, se quiseres fazer alguns ajustes, tens de pagar tudo de novo, porque ele vai começar do início outra vez“, explica Nergal. “Portanto, quando está feito, está feito. Não vais andar a fazer correcções e mais correcções indefinidamente, o que é fantástico. Há vinte, trinta anos atrás, era assim que as coisas eram feitas… Hoje em dia, podes aperfeiçoar tudo ao ponto de já não as conseguires ouvir, porque a perfeição torna tudo muito chato e, pior ainda, muito desinteressante. Ao vivo, as coisas não são perfeitas; é por isso que são tão emocionantes. Então, por que raio vamos discos que são tão polidos? Pessoalmente, é algo que me custa a entender, especialmente no contexto do metal extremo. A música extrema deve ser estranha, deve ser perigosa… Onde está o factor perigo? Com este último disco, queria trazer essa vibração perigosa de volta à nossa música.” O mais recente álbum dos BEHEMOTH,«Opvs Contra Natvram», foi lançado em Setembro do ano passado através da Nuclear Blast Records.