OPETH: «Morningrise» e o factor Dan Swanö

Embora tenham adoptado uma abordagem diferente com cada álbum, os OPETH sempre tiveram um som muito distinto e instantaneamente reconhecível: sombrio, misterioso e sério. Mesmo desde o início da carreira, como é o caso deste segundo álbum, o seu estilo sempre se destacou na composição, caindo aqui num bizarro ponto de encontro entre o death metal melódico sueco e o rock progressivo dos anos 70. Não é, de resto, muito difícil argumentar que, em muitos aspectos, o «Morningrise» é um dos álbum mais sombrios e cativantes que a banda liderada por Mikael Åkerfeldt alguma vez gravou. Certo, toda a gente que entrou no universo dos suecos no período pós-«Still Life», ainda mais quem tomou um primeiro contacto com o «Blackwater Park», que foi produzido pelo Steven Wilson, provavelmente tende a ficar decepcionado com a falta de um som prog puro ou de um trabalho de produção em camadas em discos como a estreia «Orchid» e neste «Morningrise». É verdade que esses dois discos têm um som mais cru e seco em comparação com os esforços posteriores da banda, certo; noentanto, quem estava a atento ao que se passava no underground na segunda metade dos anos 90 não pode deixar de gabar o arrojo de uma banda que, mesmo a dar os primeiros passos, já refutava clichés e expectativas como gente grande. Porque, feitas as contas, não havia mais ninguém a fazer algo sequer parecido.

Talvez porque tenhamos estado lá à data de edição do «Morningrise», a 24 de Junho de 1996, aqui deste lado gostamos de acreditar que é exactamente a gravação mais crua que ajuda a criar uma atmosfera ainda mais sombria, e que é simplesmente única no percurso dos OPETH. É sabido que Åkerfeldt sempre trabalhou com produtores incríveis, como o Fredrik Nordstrom no «Still Life» e o supracitado Wilson no «Blackwater Park» e por aí adiante. No entanto, os dois primeiros discos foram gravados com outro génio da consola, ou seja, Dan Swanö, a quem eles se referem orgulhosamente como seu “guia” no livreto do CD do «Morningrise». É precisamente o factor Swanö que torna os dois primeiros álbuns da banda mais desafiadores que os seus sucessores, mas com esse esforço a acabar por compensar no final, porque uma vez que o ouvinte entre no universo de «Orchid» e «Morninrise», é quase garantido que ficará viciado. Sobretudo este segundo longa-duração, um ponto alto na carreira dos OPETH, pelo menos no que diz respeito à atmosfera e pura emoção. E sim, é claro que o Mikael melhorou muito os seus growls ao longo dos anos, e ainda mais o seu registo cantado, mas de alguma forma é a mistura crua, as vocalizações mais violentas, as harmonias gémeas de guitarra um tanto obscuras e as composições totalmente únicas que distinguem estes OPETH de todas as suas outras versões.