Porque é que os SEPULTURA usaram suásticas no início da sua carreira?

Numa entrevista recente com Drew Stone, do The New York Hardcore Chronicles, Iggor Cavalera, o ex-baterista dos SEPULTURA, falou sobre o facto de tanto ele como alguns dos seus companheiros de banda terem sido fotografados durante os primeiros anos do grupo (ver imagens em baixo), a envergar t-shirts com um símbolo ligado ao nazismo e que é sinónimo da supremacia branca e da perseguição e assassinato de judeus durante o Holocausto. Como se sabe, a banda brasileira foi criada originalmente em 1984 e demorou alguns anos a conquistar sucesso, mas a partir do momento em que se tornou popular internacionalmente — já no início dos anos 90 — passaram a circular registos fotográficos das suas primeiras formações — incluindo fotos em que seus integrantes aparecem a usar t-shirts e outros produtos com suásticas.

Há algumas fotos antigas em que apareço a usar uma t-shirt com uma suástica, começa por dizer o baterista. “Não só eu: o Paulo [Xisto, baixista] e, às vezes, o Max [Cavalera, vocalista e guitarrista] também. Muitas pessoas ficam a pensar o que diabo estávamos a fazer. Mas vocês sabem, naquela época, em 1982, 1983, o punk era muito grande. O Sid Vicious usava uma t-shirt com uma suástica. Nós, como miúdos estúpidos, pensávamos que era fixe usar aquilo. Lembro-me que, a dada altura, um de nossos amigos de outra banda, os Dorsal Atlântica, nos disse que o que estávamos a fazer não era chocante, era estúpido. Desde essa altura, nunca mais usámos nada do género.”

De seguida, o icónico músico brasileiro reforçou o argumento de que essa ideia foi inspirada pelos seus ídolos punk. “Era uma coisa do punk naquela época: ‘oh, vamos usar isto porque queremos chocar o mundo’. Mas era só uma ideia muito estúpida. A coisa mais importante disso tudo, a maior lição que podemos torar disto, é que temos de aprender e evoluir como seres humanos. É por isso que educação é tão importante, as pessoas podem ser educadas e podem ficar a saber de história num contexto mais profundo — e não apenas para chocar“. A entrevista pode ser conferida na íntegra, em inglês e sem legendas, no player em cima.