[R.I.P.] Faleceu João Monteiro, um dos mais injustamente ignorados e talentosos bateristas portugueses

Faleceu João Paulo Monteiro, também conhecido como “Deimos”, um dos mais talentosos e requisitados bateristas do cenário musical nacional. Na sua página do Facebook, o músico surge orgulhosamente na bateria, atrás de Uli Jon Roth, dos SCORPIONS. Certamente que este terá sido um dos pontos mais altos da sua carreira enquanto músico, mas o underground nacional, em particular o lisboeta, perdeu hoje um grande baterista. Nas palavras de Bruno, proprietário dos antigos estúdios Rock’n’Raw, era um “grande amigo que tive o prazer de conhecer quando abri o estúdio, e tive o prazer que fosse o primeiro e único professor de bateria que tive por lá. Passámos muitas horas juntos no estúdio, seja nas aulas que dava, com as bandas onde tocou, gravações, na estrada, ou até privando a nível pessoal, um ou outro fins de semana juntos, ou quando fui ver a sua actuação na prova final do mestrado de Percussão pela Escola Superior de Música de Lisboa”. Já para Nuno, da editora Caverna Abismal e de bandas como PHENOCRYST, ARCHAIC TOMB e SUMMON, “o João Monteiro era um lutador, em todos os sentidos, e lutou até ao seu último suspiro. Punha todo o seu empenho em tudo a que dedicava com uma garra que sempre me surpreendeu. Mas tinha também um coração enorme, solidário, que ajudava o próximo e os seus amigos. Tinha uma mente muito aberta. Tocava Metal, e era Professor de percussão no Conservatório de Lisboa, entre outras coisas”.

Sob o pseudónimo “Deimos”, esteve na formação dos ARCHAIC TOMB com Nuno. Antes, tinha participado nos VILES VITAE ao lado de Belial Necro, também conhecido como Nuno Zuki, e Vulturius, dos IRAE e MORTE INCANDESCENTE. “Vemo-nos em Valhalla, João Paulo Monteiro. Ainda tenho as pautas que fizeste para o concerto com Decayed! Foi um prazer conhecer-te e partilhar alguns momentos contigo”, escreveu este último nas redes sociais. Os ENCHANTYA, com os quais gravou o álbum «Dark Rising», em 2012, também comentaram publicamente a trágica morte do músico luso, lembrando que “foi, definitivamente, responsável pela qualidade do álbum que assegurou que assinássemos pela Massacre Records”. Natural de Lisboa, João Paulo Monteiro iniciou os seus estudos musicais aos oito anos e aos treze começou a explorar mais a fundo a percussão. Estudou no Conservatório de Sintra, na Escola de Música de Linda-a-Velha e no Conservatório Nacional, onde se formou já em 2001. Em 2005, concluiu uma licenciatura em Música na Escola Superior de Música de Lisboa. Como percussionista trabalhou com músicos de renome como José Carreras, Andrea Bocelli, Michel Camilo, Leonard Slatkin, Paavo Järvi, Emmanuel Krivine, Maxim Vengerov, Richard Hickox, Michael Zilm ou Muhai Tang, entre muitos outros. Como baterista, quiçá um dos mais requisitados do inderground nacional, tocou com Uli Jon Roth (dos SCORPIONS), IRONSWORD, ARCHAIC TOMB, VILES VITAE, ENCHANTYA, MONS LVNAE, DECAYED, EXTREME UNCTION, REGULAR EARTH, ARTWORX, BLACK WIDOWS e PARADIGM.