RAMMSTEIN: 28 anos de «Herzeleid»

Parece que foi ontem, mas o álbum de estreia dos RAMMSTEIN já foi editado há´quase três décadas, Sabias que foi gravado no estúdio dos ABBA?

Originalmente editado a 24 de Setembro de 1995 pela Motor Music, o álbum de estreia da aplaudida banda formada pelo vocalista Till Lindemann, pelos guitarristas Richard Kruspe e Paul Landers, pelo teclista Christian Lorenz, pelo baixista Oliver Riedel e pelo baterista Christoph Schneider foi lançado há 28 anos. O disco, o primeiro registo de longa-duração de um projecto que tinha começado a dar os primeiros passos em Berlim apenas no ano anterior, foi gravado nos Polar Studios, na Suécia.

Num espaço criado pelos ABBA, que se manteve em funcionamento entre 1978 e 2004, os seis músicos registaram a sua primeira colecção de canções e, como sabemos hoje, deram o tiro de partida para a carreira exponencialmente e muito bem estruturada que conhecemos até hoje.

O álbum foi gravado entre 1994 e 1995, o disco foi criado em várias sessões e produzido pela dupla Carl-Michael Herlöfsson e Jacob Hellner, que já tinha créditos por ter colaborado com os CLAWFINGER. Foi, a todos os níveis um enorme sucesso, tendo-lhes valido até as primeiras entradas em tabelas de vendas mas, olhando para trás, percebe-se que a banda já tinha definido uma identidade, só ainda estava à procura do seu pé.

O «Herzeleid» é tudo o que se poderia esperar de um bando de alemães que cresceram a ouvir SKINNY PUPPY, DEPECHE MODE, LAIBACH e, muito provavelmente, doses industriais de metal também. Brutalmente precisos, muitas vezes brilhantemente arranjados, neste disco os músicos não se mostraram propriamente inventivos, o génio de uma identidade bem definida só chegaria uns anos depois, mas reúnem todos os elementos para criar uma descarga de som ultra-pesado, cheio de groove, com a dose certa de melodia e surpreendentemente amigável das rádios.

A partir de algo que não é necessariamente original, este álbum podia bem ser descrito como a conclusão lógica do electro-metal dos KMFDM, a banda invoca livremente o seu próprio nome — o tema final chama-se «Rammstein», para o caso de estarmos distraídos — e debitam riffs que ficam prontamente cravados na memória do ouvinte.

A desvantagem é que a fórmula parece aperfeiçoada tão ao pormenor que acaba por notar-se alguma falta de variação entre os versos com baixos turbulentos e bateria forte, o feedback em cascata e, às vezes, samples suaves que adicionam texturas e batidas conforme necessário.

Não se pense, no entanto, que este álbum não tem momentos. Porque tem, de facto; e não são poucos. A ousadia arrogante de «Wollt Ihr Das Bett In Flammen Sehen», logo na abertura, é um começo de disco quase perfeito e, a partir daí a banda atira-nos o belíssimo refrão de «Der Meister», os teclados suaves, mas antémicos,, o aceno ao drum’n’bass em canções como «Asche Zu Asche», a toada, entre o dramatismo gótico e a pop negra dos DEPECHE MODE em «Heirate Mich» e «Laichzeit».

Além disso, o «Herzeleid» sofreu de um empurrão que, basicamente, se resumiu ao facto de cantarem em alemão, terem montado um espectáculo no verdadeiro sentido da palavra, apoiado nas peripécias de Till com o fogo e nos innuendos sexuais, e terem estado no sítio certo na hora certa.

Não nos podemos esquecer que a banda apareceu em cena num momento em que o «The Downward Spiral», dos NINE INCH NAILS, tinha sido editado no ano anterior e numa altura em que o «Antichrist Superstar», do MARILYN MANSON, estava ao virar da esquina. Portanto, este foi o lançamento que permitiu aos RAMMSTEIN preencherem o vazio em 1995 no universo do metal/rock industrial e transformarem-se no fenómeno que são hoje.