REFORÇOS METÁLICOS: Vol. 6

SANCTUAIRE
«L’Empreinte de Lucifer»
[Emanes Metal Records, 2011]
Os Sanctuaire são uma banda de heavy metal francesa que lançou dois álbuns até à data. Este é o primeiro, já de 2011, mas vem aqui parar por duas razões: primeira, veio ter-me às mãos muito recentemente; segunda, é um álbum com mérito. Bom som old school, boa capa old school, mas o que me atrai principalmente nos Sanctuaire é o facto de terem um som tão próprio… claro que tocam heavy metal, mas há algo que os distingue, creio que principalmente nas inesperadas estruturas musicais. A primeira vez que tive contacto com a banda foi em palco, e já então me prenderam a atenção. A audição do seu trabalho em estúdio veio comprovar a originalidade da qual tinha tido a impressão inicial. Gosto muito de diversas bandas de heavy metal cantado em francês, sobretudo alguns grandes nomes (e outros menores) dos anos 80, mas os Sanctuaire não soam exactamente a qualquer destas bandas em particular. Há muita coisa atípica nestes temas, o que se revela uma força. As composições são fortes e frequentemente surpreendentes… ao contrário do que se passa com muitos colectivos em que tudo parece mais que previamente ouvido. Um excelente trabalho! No fim inclui dois temas bónus, um dos quais da demo de 2008. Tenho de arranjar o segundo um dia destes… e espero que qualquer dia lancem mais qualquer coisa.

CADAVER
«Thrash»
[Edição de autor, 2018]
Desse país de grande nível metálico que é o Chile escrevem-me os Cadaver, banda recente de thrash metal que tem como único lançamento esta demo de quatro temas. Para primeira apresentação está bastante bom, embora a produção esteja demasiado suja, tanto para o tipo de som que a banda tem, como para o grande nível técnico que revela. Ouçam o impressionante trabalho de bateria, os magníficos solos, o cuidado acompanhamento do baixo. Um thrash furioso mas técnico, um pouco mais ligado às influências da Bay Area que às germânicas, e que merece e precisa de um bom estúdio que faça brilhar os seus pontos fortes. O vocalista tem uma voz grave e rouca, um pouco na linha de Baloff ou Chuck Billy, mas mais bruta (embora a demo comece com uns agudos heavy metal). Os temas são cantados em espanhol com algumas intrusões em inglês (Satan!) e versam sobre questões sociais e anti-religiosas. Uma banda a acompanhar e a apoiar.

GATEKRASHÖR
«Revenge at Midnight»
[Edição de autor, 2018]
Para terminar, falo-vos hoje do EP «Revenge At Midnight» dos Gatekrashör, uma banda de speed heavy metal oldschool do Canadá. Há realmente algo de profundamente canadiano neste lançamento – ainda o mais recente do grupo -, não apenas o som sujo a lembrar o álbum de estreia dos Exciter mas todo um espírito presente nos riffs e na voz. Com uma intro ameaçadora e três temas, este quase quarto de hora de música é um festim para quem gosta do metal genuíno, alcoólico e anti-posers. Deve ser impossível encontrar isto porque pelos vistos só saiu numa edição em cassette limitada a 50 exemplares. Mas aqui fica a chamada de atenção para esta brutal descarga metálica que muito me impressionou. Uma bateria em permanente estado de agressão, guitarras com uma distorção como arame farpado e uma voz com a garra dos anos 80. Se gostam de Hallows Eve ou Razor este é um nome a não perder de vista. Já agora… a capa do álbum de 2014 dos Gatekrashör é uma ilustração a preto e amarelo do Conan o Bárbaro a atravessar um portão em ferro destruído, com uma guitarra eléctrica numa mão e um escudo com o símbolo do King Diamond na outra. Há capas que valem muito a pena! E para não dizerem que não aprendem nada… o símbolo do King Diamond é na realidade o símbolo alquímico do enxofre. E esta? (se já sabiam, não aprendem nada mesmo.)