REFORÇOS METÁLICOS: Vol. 8

EXTIRPATION
«A Damnation’s Stairway To The Altar Of Failure»
[Triumph Ov Death, 2019]

Novo álbum para estes jovens italianos que já tocaram em Portugal e são bombásticos ao vivo. Creio que se superaram neste novo trabalho, que continua a sua senda pelo black/thrash/death em modo extremo de rapidez e agressividade. Não deixam para trás, porém, a música propriamente dita. Composições cuidadas, com imensa variação e riffs que se sucedem por vezes vertiginosamente, e um som próprio, o que é muito de valorizar. Vocalizações saídas do inferno, uma batida frenética, e um magnífico trabalho de cordas, muitas vezes surpreendentemente elaborado, fazem deste terceiro álbum um lançamento formidável! As letras também não são genéricas, havendo uma carga mesmo de tom literário que foca horrores pertencentes sobretudo ao plano psicológico. Apesar do extremismo musical, há muito espaço para o metal clássico, puro e duro, no meio da velocidade (como em «Faith Of The Parasite»). Uma impressionante obra de uma excelente banda que espero voltar a ver em palco um dia.

SPEEDEMON
«Hellcome»
[Edição de autor, 2019]
Após o EP de 2015, os Speedemon lançam mãos à obra e põem cá fora eles próprios o seu CD de estreia. Há hoje em dia muitas bandas de qualidade em Portugal, com bons músicos e a gravar com óptimas produções. O que há muito pouco são bandas de thrash metal que não estejam completamente, ou quase, eivadas de influências de groove ou metalcore. A abordagem dos Speedemon, não sendo propriamente uma incursão ao passado no turbilhão de estilos e revivalismos quejandos, é algo que soa inequivocamente a metal nos ouvidos de um anoso apreciador da velha guarda. Com um desempenho técnico muito bom, inclusive nos solos de guitarra (ouçam por exemplo «Road To Madness» ou «Kings Of The Road»), e uma voz thrasher plena de agressividade (que não consigo ouvir sem me trazer à cabeça os Goddess Of Desire), «Hellcome» é um excelente primeiro álbum para este colectivo de Vila Franca de Xira. Ouçam o tema homónimo da banda e digam se não ficam convencidos.

ELECTRIC SHOCK
«Wild Bastards»
[Forgotten Wisdom Productions, 2018]

Os Electric Shock são uma banda francesa de hard rock que encarna ao máximo o espírito rebelde do estilo. Na realidade, o rock que tocam é mesmo bastante pesado, entrando facilmente pelo metal adentro. Em palco tocam com toneladas de patches, pulseiras metálicas, cintos de balas, e têm uma guitarrista chamada Little Angus… a tatuagem de AC/DC não engana quanto à razão por trás do nome. Com dois temas originais e duas versões (de Rose Tattoo e Bullet), este 7″ é uma bela peça também esteticamente. O vinil é metade preto metade amarelo (os tons da capa) e tem abertura central grande, como os singles de antigamente. A capa lembra completamente Iron Maiden… mostra Little Angus de costas com uma ponta e mola na mão, num beco escuro, prestes a enfrentar dois facinorosos meliantes. Numa parede, um poster rasgado que anuncia os compatriotas Hexecutor e Manzer, “live“! Musicalmente são surpreendentemente bons e cheios de garra. Tocam bem e a voz é boa. Já agora, dêem uma ouvidela ao álbum de estreia que acaba de sair. Qualquer dia também é capaz de aqui vir parar. Como curiosidade… Little Angus tem uma outra encarnação que toca nos Grand Bouc Noir, uma banda de black/thrash metal que vi em palco há um par de anos. Saudações aos que mantêm o metal old school.