RESURRECTION FEST: 06.07.2019 [reportagem]

Terceiro dia oficial do RESURRECTION FEST e já se faziam balanços, por esta altura percebia-se que o punk e o hardcore estiveram menos representados este ano, assim como o thrash e o death poderiam ter tido melhores escolhas. Já o palco Desert pareceu ter nomes menos impactantes que na edição anterior. E o dia começou por esse mesmo palco com uns CATHEXIA a oferecerem um som que estava mais perto do grind que do stoner. Mudança rápida e, no Ritual Stage, o metal melódico de uns TALESIEN, algo que se estranharia há uns anos atrás, mas hoje perfeitamente aceitável no cartaz do evento. Já apreciados no Z! Live de Zamora e a caminho do River Stone Fest, os CELTIBBERIAN levaram o seu excelente folk até ao palco principal e só foi pena terem-no feito tão cedo na tarde. No final, rumo ao Ritual para assistir ao arranque dos excelentes thrashers STRIKEFORCE, já com uma excelente audiência. Passagem pelo Desert e a evidência de que, ao quarto dia de concertos, ainda se pode ser surpreendido, neste caso pelo excelente instrumental de uns SYBERIA, com tanto de progsters como stoners. Tão interessantes como previsíveis, os ALIEN WEAPONRY, teriam-se saído certamente melhor no Chaos Stage, mas garantiram uma boa audiência. O mesmo aconteceu com os DESTROYERS OF ALL, chamados à última hora para o Ritual, chegando lá três dias depois de terem aberto para os SOULFLY em Lisboa. Uma semana louca para um colectivo que ainda se sai melhor em pequenos palcos que num da dimensão do Ritual, mas que nem por isso acusou as dimensões de espaço e público.

João Mateus, o vocalista, em conversa posterior com a LOUD! admitia que esta tinha sido “uma oportunidade única”, pois o Resu era “acima de tudo um festival a que alguns de nós já estávamos habituados a vir”, talvez por isso a “notícia caiu como uma bomba”, referindo que “em duas semanas apareceu um slot que permitiu cá virmos, também graças à ajuda do Guilherme Henriques, que agora é o nosso tour manager”. Guilherme Busato, guitarrista, afirmou mesmo que o grupo “tem trabalhado muito, mas chega uma hora que sem uma visão exterior que possa abrir portas e alargar o horizonte, fica-se estagnado e o passo de nos juntarmos com o Guilherme foi o melhor que podíamos ter feito.” Questionado sobre os próximos passos, Alexandre Correia referiu que a próxima data vai ser no Rock dos Romanos, perto de Coimbra”. O guitarrista desvendou ainda que “há ainda outras coisas para serem anunciadas e, se tudo correr bem, teremos uma surpresa para o final do ano que não será só nacional” e, acerca da opção pelo novo management, afirmou: “já conhecíamos o trabalho do Guilherme por ter cooperado com a banda; agora, como manager, conseguiu-nos Soulfly e o Resu, prova de que uma banda nacional que se esforça, consegue lá chegar.

Alinhamento DESTROYERS OF ALL: «Tohu Wa-Bohu», «False Idols», «Destination: Unknown», «Hate Through Violence», «Break The Chains», «Tormento», «Into The Fire», «Astral Projection»

Chegava então vez dos TESTAMENT actuarem no Main Stage, numa presença recheada de hits, mas em que já se notou o peso da idade. Tecnicamente, no entanto, continua a eterna pergunta de nunca terem sido comparados a alguns dos Big Four. Apesar de tudo, o grupo mostrou-se sempre divertido e Chuck Billy não se cansou de elogiar a região. “Na última aparição no festival, ficámos e férias na Galiza por cinco dias, por isso conhecemos a região,” mencionado a dado momento. De seguida, o Ritual recebia o power melódico de VHALDEMAR, num concerto interessante mas sem nada de novo, pese a boa prestação em palco do vocalista que aposta numa certa teatralização. No Main Stage, hora de LAMB OF GOD, num concerto intenso, em que não faltaram as malhas e a adesão do público, naquele que foi, provavelmente, o melhor concerto diurno do festival. Rumo ao Chaos Stage, os ANALEPSY começavam uma actuação que apenas foi das melhores vistas ao grupo de slamming brutal death. Começando com uma tenda com poucas pessoas, foi gratificante ver o espaço encher com público que vinha do jantar e parava a ver e não arredava pé. Mesmo depois de uma troca de horários sobre a hora, percebeu-se que o quarteto só beneficiou com isso.

Diogo Santana, vocalista e guitarrista, já no final, explicou-nos que “houve umas trocas de horários, primeiro era para as 23:00, depois passaram para as 20:00, colocaram-nos no horário dos LAMB OF GOD e dissemos que o horário anterior era muito mais fixe; nem dez minutos depois, metiam-nos nele.” Por vezes reclamar compensa e, neste caso, serviu perfeitamente ao grupo, pois tal como João Jacinto, baixista, exlicou à LOUD!, “durante o concerto fomos percebendo que as pessoas iam ficando.” O Laurus Nobilis é o próximo concerto do grupo, que Diogo revela ser “O nosso último concerto, depois vamos parar um pouco para preparar o próximo disco e para o ano teremos novidades.” Ao que o guitarrista Marco Martins acrescenta: “já passou algum tempo sobre este disco, dois anos e meio”. Diogo refere que “há necessidade de fazer um novo disco, mas sem pressas, estamos prontos para trabalhar nele.” Um trabalho que cumpriu expectativas, mesmo que Diogo revele que “olhando para trás, nunca estamos satisfeitos”, mas Marco afirma que “na altura não esperávamos chegar até onde estamos hoje, foi o «Atrocities From Beyond» que nos deu tudo.

Alinhamento ANALEPSY: «Apocalyptic Premonition», «The Vermin Devourer», «Colossal Human Consumption», «Witnesses of Extinction», «Expurgate the Soil Beneath», «Halos Of Liquid Infinity», «Engorged Absorption», «Eons In Vacuum», «Atrocity Deeds», «Viral Disease», «Genetic Mutations», «Lethal Injection»

Há uns anos parecia difícil acontecer, mas os cabeças de cartaz no último dia do festival foram os WITHIN TEMPTATION, que deram um concerto que levou muita gente ao palco principal, embora não ultrapassando o máximo da noite anterior. Mais que nunca Sharon den Adel é o centro das actuações do grupo, movendo-se entre uma plataforma no centro do palco e as laterais, enquanto os restantes músicos praticamente não saem dos seus pontos, face a uma estrutura de palco estranha e algo feia, que só era perceptível a uma grande distância. Além de Sharon, Robert Westerholt era o único elemento livre para se movimentar em palco, resultando numa actuação estranha, perdendo claramente na comparação com os SLIPKNOT, SLAYER ou PARKWAY DRIVE. Apesar de cada vez atraírem mais público, a sensação que fica é de que estão cada vez menos interessantes e sem grandes estímulos sonoros. Finalizada a actuação, os CULT OF LUNA erguiam o seu som entre a forte luz do Ritual Stage, mas no Desert havia outro ponto de interesse: MISS LAVA. Rapidamente o público foi crescendo à frente do palco e, tal como sucedido anteriormente durante a actuação dos ANALEPSY, as pessoas chegavam e ficavam a ver.

Nas palavras de Johnny Lee, vocalista do grupo nacional, “dado a hora, estávamos com expectativas baixas, pois íamos tocar ao mesmo tempo que os WITHIN TEMPTATION e os CULT OF LUNA, e afinal levámos com um banho de gente, sentimos que estavam a adorar.” O músico, desafiado a comentar as muitas centenas que assistiram ao concerto, referiu que “tirando o Super Bock Super Rock, onde tocamos há uns tempos e estavam umas quinze mil pessoas, este foi aquele em que tivemos mais gente” concluindo que o “palco fica perto da saída e as pessoas em lugar de saírem, ficavam ali, e participavam no espectáculo, aquilo ficou muito intenso com o público. Quanto à recepção, nas palavras do músico estava a ser positiva pois “até agora, foi sempre a falar bem, inclusive pessoal de outras bandas, creio que foram os Colour Haze que vieram ter com a gente, todos excitados com o concerto”, numa clara mostra do sucesso da actuação do concerto, Johnny Lee referiu que “muita gente veio falar depois nas redes sociais e houve espanhóis a dizerem que tinha sido o melhor concerto que viram no Desert Stage, claro que isso vale o que vale.

Alinhamento MISS LAVA: «Don’t Tell A Soul», «I’m The Asteroid», «Black Rainbow», «In The Mire» (nova), «Yesterday’s Gone», «Doom Machine» (nova), «Ride», «The Oracle» (nova), «The Silent Ghost Of Doom», «Catch The Fire», «Fourth Dimension» (nova), «Planet Darkness»

De volta ao Ritual ainda houve tempo para mais um pouco de CULT OF LUNA, confirmando-se que o seu tipo de som resulta melhor em sala, apesar de mesmo assim manterem a qualidade acima da média. Foi com menos de metade do público que assistiu ao concerto dos WITHIN TEMPTATION que, no palco principal, um personagem acordava no meio do palco: KING DIAMOND. Foi um pouco estranho perceber que um músico deste estatuto tenha tido uma das menores audiências dos entre cabeças-de-cartaz. Mesmo descontando o avançar da hora, que o músico referiu em palco, agradecendo aos resistentes, pareceu incrível o abandono em massa que se verificou antes e mesmo durante o concerto. Num palco dividido em três andares, com os guitarristas em primeiro plano e King percorrendo o palco quer na vertical, quer na horizontal, o músico foi teatralizando diversos dos seus temas, muitas vezes com recurso a actores, outras a bonecos, como no caso de Abigail, retirada de um caixão. Com Andy LaRocque na guitarra, KING DIAMOND foi um artista ao nível do que esperava dele, profissional e com um concerto sem um momento morto. Pena mesmo só o público. O Resu 2020 já vem no caminho!

CELTIBEERIAN
STRIKEFORCE
SYBERIA
ALIEN WEAPONRY
DESTROYERS OF ALL
DESTROYERS OF ALL
TESTAMENT
ANALEPSY
WITHIN TEMPTATION
MISS LAVA
MISS LAVA
KING DIAMOND
KING DIAMOND
KING DIAMOND
KING DIAMOND