RETROVISOR: Blue Öyster Cult, «(Don’t Fear) The Reaper» (Hollywood Sportatorium, Florida, 9 de Outubro de 1981)

Esta semana temos um RETROVISOR em modo Halloween, a saltar as referências óbvias a MANSON, a esquecer ROB ZOMBIE, a ignorar todo o black metal, a rejeitar liminarmente os MISFITS, a esquivar os BLACK SABBATH e os TYPE O NEGATIVE. Vamos centrar-nos no mais óbvio do óbvio, numa canção ao mesmo tempo tão ignorada, a clássica «Don’t Fear The Reaper». Blue Öyster Cult — se preferirem, Culto da Ostra Azul — é um daqueles nomes seminais do rock norte-americano, filhos da geração hippie, a maturar na década de 70, e em todo aquele big rock orelhudo que preenchia o éter da época. Para se afirmarem ainda mais como um nome ligado ao oculto, tinham como símbolo algo que representava o deus Cronos, Krónos em grego, que na mitologia comeu os filhos, entre eles Hades, que também se pode designar como Grim Reaper.

Com títulos de músicas tão estranhos como «She’s As Beautiful As A Foot» ou enigmáticos, «Workshop Of The Telescopes», estavam a preparar o seu quarto disco, quando o guitarrista Donald Roeser surgiu com uma das melodias mais catchy dos anos 70, a que se aliou uma malha de guitarra ainda hoje reconhecível. Alguns dos versos, aludindo aos suicídios por causas emocionais, causaram polémica, impulsionando o tema, algo que voltaria a acontecer graças a Stephen King, que o refere no seu livro «The Stand». Pormenores da história de uma música icónica, que é inúmeras vezes revisitada.

Usada em muitas séries e filmes, a canção tornou-se uma referência do imaginário do fantástico no campo do áudio-visual, em particular na TV norte-americana. Talvez por isso, no Saturday Night Live não tenham hesitado em fazer uma paródia ao tema. «(Don’t Fear) The Reaper» foi também alvo de diversas versões, como a dos HIM, ou até sugerida para versões, como no caso de uma hipotética abordagem dos GHOST. «(Don’t Fear) The Reaper» para a noite de Halloween, um bom exemplo de como o cheesy e o óbvio se podem tornar menos banais que as referências aparentemente cool que muitos escolhem e que se revelam repetitivas.