RETROVISOR: Led Zeppelin, «Dazed And Confused» (Danmarks Radio Studios, Dinamarca, 17 de Março de 1969)

Esta semana é incontornável falar dos LED ZEPPELIN. No próximo sábado celebram-se cinquenta anos sobre a edição do primeiro disco da banda, gravado em 36 horas, num estúdio pago por Jimmy Page, consumindo 1782 libras. Muitos dos temas acabaram por ser gravados ao vivo, dado o escasso orçamento, mas apesar disso o álbum ficou 71 semanas na tabela de vendas britânica. O disco entra em qualquer lista dos 100 melhores álbuns de sempre, e só nos Estados Unidos vendeu mais de oito milhões de cópias. Só por esta estreia homónima, os LED ZEPPELIN teriam ficado na história da música, mas ainda gravaram mais sete álbuns de originais.

Este vídeo faz parte da primeira actuação do grupo para uma estação de televisão. Antes já tinham gravado para uma TV sueca, mas como The New Yardbirds. Nesta sessão dinamarquesa, fácil de encontrar na íntegra, tocaram «Communication Breakdown», «Dazed and Confused», «Babe I’m Gonna Leave You» e «How Many More Times».

«Dazed and Confused» começa com o menos óbvio, o baixo. De todos os elementos dos LED ZEPPELIN, John Paul Jones é o menos conhecido, eventualmente o mais apagado. Curiosamente é aquele que experimentou mais estilos musicais, após 1980. Foi também John Paul Jones que verdadeiramente segurou o grupo nos últimos quatro anos de existência, após o buraco negro que foi o ano de 1975.

Jimmy Page fica por ali, à mercê dos acordes de baixo que vão pairando, fosse hoje e alguém lhes meteria o rótulo de post-rock. Robert Plant começa a lamuriar-se, e um minuto depois de tudo ter começado, John Bonham é libertado e inicia um curto massacre de bateria, são apenas quinze segundos mas já se adivinha o que aí vem. Pelo canto da imagem vê-se a mão de Page, qual maestro segurando a batuta. Todos ali sabem o que fazer e ao que vêm. Chega o riff massivo de Page e, nos próximos oito minutos, define-se muito do que é o heavy metal e homenageia-se o blues rock.

Está lá o arco de violino, o experimentalismo sonoro de Page, a potência vocal de Plant, os duetos entre voz e guitarra, a irreverência rítmica de Bonham e aquele baixo sempre omnipresente. Há outras interpretações do tema, eventualmente superiores, algumas mesmo com a duração de todo este concerto, mas aqui está a génese, os primeiros passos de uma criança que se tornaria gigante. O Zeppelin tinha descolado!