Sacred Sin

SACRED SIN + BLEEDING DISPLAY + SPEEDEMON + LAST PISS BEFORE DEATH @ RCA Club, Lisboa | 24.09.22 [reportagem]

Celebração do metal nacional no RCA Club em variadas vertentes, mas principalmente para assinalar o lançamento dos mais recentes trabalhos de originais de duas das mais importantes bandas do death metal nacional. Falamos obviamente dos SACRED SIN e dos BLEEDING DISPLAY, que vinham apresentar «Storms Over The Dying World» e «Dawn Of A Killer», respectivamente. E como se não bastasse, para a festa ser ainda maior, a abertura estaria a cargo dos SPEEDEMON e LAST PISS BEFORE DEATH, um preâmbulo de luxo de duas das melhores bandas que o Ribatejo tem para oferecer. Foi pelos LAST PISS BEFORE DEATH que a festa começou, e logo com grande intensidade, com um som bastante forte e também com um Edgar Alves endiabrado, algo que também já é expectável. O frontman foi, como sempre, um dínamo a puxar pelo público, que parecia estar algo apático no início. Isso não foi impedimento para que fossem puxados para temas como «Out Of Luck» e «Electric Ballroom», este último que — em conjugação com «Devil’s Road» — são dos momentos mais marcantes do auto-intitulado álbum de estreia e que são sempre bem recebidos ao vivo. Quem também é sempre bem recebido ao vivo são os SPEEDEMON, uma banda que temos tido o prazer de ver evoluir e que recentemente teve honras de tocar no mítico Wacken Open Air. Com uma abertura com a intensidade alta em octanas, «Thunderball» deu andamento a uma actuação que foi das mais fortes que lhes vimos, tirando um pequeno percalço com o microfone de Bruno Brutus na «Wall Of Pain» que ficou apenas resolvido no final da música. «Legion Of Fools» e «Words Of Fire» foram outros destaques de uma actuação que apesar de curta (ou de pelo menos ter assim parecido) meteu todos a mexer.

O lançamento do novo álbum dos BLEEDING DISPLAY era um momento bastante aguardado e «Dawn Of A Killer» não desiludiu, apesar da inesperada demora para que o início se efectuasse devido a questões técnicas que surgiram quando o palco estava a ser preparado. Algo que só fez com que as expectativas para ver como é que estes novos temas resultavam ao vivo ainda ficassem mais altas, embora já tivéssemos a ideia de que seria mais um festival de brutal death metal cheio de proficiência técnica — afinal, é aquilo a que a banda nos tem habituado desde o primeiro dia. Os primeiros temas foram totalmente dedicados à novidade discográfica e soube-se logo que «The Nightstalker», «Basement Torture Killing» e «The Skin» (este último dedicado a Fábio Abenta) seriam mais umas temíveis armas de distorção maciça que a banda de Sérgio Afonso teria à disposição. Também houve as esperadas incursões pelo passado, sendo que a mais especial foi quando foram chamados ao palco Alexandre Ribeiro e João Ferreira, ex-membros da banda, para tocarem o tema-título do primeiro álbum. Sempre devastadores, agora com o novo álbum na bagagem e com mais opções de requinte de como proceder ao homicídio sónico.

Para fechar a noite, os SACRED SIN, também eles regressados às edições discográficas com o excelente «Storms Over The Dying World»,  um dos trabalhos mais fortes da banda dos últimos anos. E como tal, seria perfeitamente natural começarem mesmo por aí, tendo apresentando «Last Man» e o tema-título, que no caso deste último a banda já tem rodado nos últimos meses. Aliás, o alinhamento foi aproximado daquilo que a banda tem tocado recentemente, mas ainda assim não deixaram de soar especialmente inspirados e destrutivos, o que fazia todo sendo este o concerto de apresentação oficial. Para além das novidades (onde também temos que destacar «Hell Is Here» e «Defy Thy Master»), não puderam faltar também os clássicos e aqueles que soam sempre bem são «Ghoul Plagued Darkness» e a sequência final, onde surge a incontornável «Darkside» com a «The Seal Of Nine» colada, que foi especialmente emocionante no contexto deste concerto.  Death metal clássico mas que continua a soar tão excitante agora como décadas atrás, provando não só a qualidade da música como também a sua longevidade. Algo que é também testemunho para este álbum que oferece muita matéria prima para os alinhamentos da banda ao vivo. Uma noite de celebração da música pesada, onde quatro bandas diferentes se juntaram para um propósito comum e onde o público compareceu ao chamado – ainda que muitos tenham sido tentados para ver Portugal a jogar (e ganhar).

FOTOS: Sónia Ferreira