STONE GOSSARD prova que, exceptuando EDDIE VEDDER, os PEARL JAM afinal até são fãs de hard rock

No dia 14 de Fevereiro, STONE GOSSARD participou na rubrica “Fan First” da Revolver e abordou um dos assuntos do momento: a diatribe entre EDDIE VEDDER e NIKKI SIXX, dos MÖTLEY CRÜE. Gossard salientou que tanto ele e como os outros membros fundadores dos PEARL JAM, o baixista Jeff Ament e o também guitarrista Mike McCready, tinham estima por algumas das primeiras bandas de hard rock. Stone revelou ainda que comprou um exemplar do primeiro álbum dos Crüe, «Too Fast For Love», quando o disco ainda só estava disponível através da editora independente Leathür Records. Nas suas palavras: “Claro, o Jeff, o Mike e eu adorávamos hard rock. Tipo, passámos por tudo isso. Comprei o primeiro [álbum dos] Mötley Crüe na Leathür Records. Na altura, achei-o meio punk. Tinha essa mesma energia bruta – como sucede com os Motörhead. Havia ali coisas que estava a descobrir no hard rock britânico naquela altura que também transmitiam rebeldia ou anti norma ou qualquer outra coisa que me cativava. E eu sempre gostei de peso… Sabbath e Zeppelin acima de tudo… E depois, tipo, os N.W.A., até chegar a uma espécie de peso mais industrial. Mas tinha que haver sempre a canção“.

Recorde-se que, no mês passado, Vedder deu uma entrevista ao The New York Times, para promover o seu novo álbum a solo e onde abordou uma variedade de tópicos, incluindo as “vagas” de mudança pelas quais ele acredita que a Geração X e a cultura rock alternativa do início dos anos 90 pode ter sido responsável. “Trabalhava em San Diego, a carregar equipamento num clube“, disse Vedder. “Acabava por estar em espectáculos a que não teria escolhido ir, de bandas que monopolizaram a MTV nos 80s. As bandas de metal que – estou a tentar ser simpático – desprezava. ‘Girls, Girls, Girls’ e Mötley Crüe: vão-se foder. Eu odiava-os… Odiava a imagem que eles passavam dos homens. Odiava a imagem que passavam das mulheres. Parecia tudo tão vazio”. Com o peito cheio, a agradar às tendências cancel culture, Vedder afirmava: “Surgiram os Guns N’ Roses e, graças a Deus, pelo menos tinham alguma raiva. Mas ando às voltas para dizer que uma coisa que apreciei foi que, em Seattle e na malta alternativa, as raparigas podiam usar as suas camisolas e botas da tropa e o seu cabelo parecia o da Cat Power e não o da Heather Locklear – nada contra ela. Elas não se diminuíam. Podiam ter uma opinião e ser respeitadas. Penso que essa foi uma mudança que durou até hoje. Soa tão banal, mas antes disso, usavam corpetes. A única pessoa que usava um corpete nos anos 90 e que eu conseguia apreciar era o Perry Farrell“.

Já a 4 de Fevereiro, Nikki Sixx recorreu ao seu Twitter para responder aos comentários de Vedder. “Hoje, fartei-me de rir ao ler o quanto o cantor dos Pearl Jam odeia os Mötley Crüe. Agora, considerando que eles são uma das bandas mais chatas da história, isso acaba por ser um elogio, não é?», escreveu o baixista dos Crüe. Em resposta aos tweets dos fãs, Sixx comparou a técnica vocal de Vedder a cantar com a boca cheia de berlindes e respondeu particularmente [em referência às lacas e espampanantes penteados do hair metal] a um fã dos Pearl Jam que tweetou em defesa de Vedder: “Lembra-te que havia ziliões de bandas de normalíssimo cabelo castanho para os fãs de cabelo castanho… Vai procurá-las. Irás reconhecê-las pelo seu olhar aborrecido“.

Esta história do grunge ter dado cabo do hard rock é velha como o tempo. Em 2019, Sixx falou à Kerrang! de modo mais ponderado sobre como a ascensão do grunge no início dos anos 90 forçou a maioria das bandas de hard rock para fora da rádio e MTV, com as vendas de álbuns e digressões a caírem a pique. Questionado se era justo que os Crüe fossem metidos no mesmo saco com bandas como os POISON ou WARRANT, Nikki respondeu: “Devo dizer que não penso que os Nirvana e os Peal Jam tenham matado as bandas mencionadas, penso que se mataram a si próprias. Estavam a fazer música de imitação. Nós, por outro lado, simplesmente implodimos». De resto, acrescentava: Esqueçam o estilo de vida por um minuto – aquilo que, em última análise, nos permitiu sobreviver foi a música que fizemos e o quão bons podemos ser quando realmente funcionamos. Todas as grandes bandas passam por subidas e descidas; começam no fundo e, se tiverem sorte, chegam ao topo da montanha. Mas, eventualmente, acabam por descer. Muito poucas bandas têm a sorte de se tornarem populares e permanecerem populares para sempre. É apenas assim que a música é – mutável, a tecnologia muda, a moda muda e as perspectivas sociais mudam. Mas, diga-se, hoje em dia, a maioria das bandas é simplesmente demasiado sossegadinha”.

[via ROMA INVERSA]