THE BLACK CROWES + DEWOLFF @ Campo Pequeno, Lisboa | 19.10.2022 [reportagem]

A meio da semana, com outros concertos a acontecer, em dia de chuva, com crise no horizonte — tudo desculpas mais ou menos válidas para quem não pôde comparecer ao regresso dos THE BLACK CROWES a Portugal, mais de 20 anos depois da última aparição por cá. O retornoo dos manos Robinson e a comemoração de 30 anos (mais dois) da edição do clássico «Shake Your Money Maker» eram razões mais que suficientes para que este concerto tivesse tido bastante mais público, principalmente nas bancadas, mas infelizmente não foi isso que se verificou. Quando os neerlandeses DEWOLFF subiram ao palco, a plateia e as bancadas encontravam-se bastante despidas, mas assim que a banda deu início aos primeiros acordes de «Night Train» tudo isso foi esquecido. O rock deste trio composto pelos irmãos Van De Poel, Pablo e Luka, e pelo teclista/vocalista Robin Piso, levou-nos para um tempo onde Deep Purple, Jimi Hendrix e Led Zeppelin eram reis. Aquele som que Piso saca do órgão Hammond é uma maravilha, e as músicas tocadas quase em ritmo de jam session são algo muito pouco comum para os dias de hoje. Foram 40 minutos de puro rock dos anos 70, que aguçaram a vontade de investigar melhor a o catálogo da banda.

Às 21:15 em ponto, com um “bar” no lado esquerdo do palco, ao fundo, os elementos dos THE BLACK CROWES – ainda sem os manos Robinson – bebiam uns shots ao som de «Shake Your Money Maker», que ecoava numa jukebox. Foi ao som de «Twice As Hard» que Rich e Chris Robinson subiram então ao palco do Campo Pequeno e foi a partir desse momento, e já com a plateia bem cheia mas ainda com pouca gente nas bancadas, que o clássico editado em 1990 foi tocado na íntegra. Chris Robinson tem muito tiques de Mick Jagger, e é alguém que concentra muita da atenção do que se passa em palco. O som estava alto e, em certos momentos, era difícil perceber o que Rich Robinson cantava – só mesmo colocando os dedos nos ouvidos é que se tinha uma definição melhor. Antes de tocarem «Hard To Handle», o vocalista teceu grandes elogios a Otis Redding, que considera o maior compositor de todos os tempos. Em «She Talks To Angels», Chris subiu ao palco com uma guitarra acústica, num tema que ainda hoje causa arrepios. A banda estava ainda acompanhada por duas coristas, que iam cantando e dançando, sempre que era necessário. Depois de «Shake Your Money Maker» ter sido tocado do início ao fim, o destaque foi para a versão de «Easy To Slip», com Rich a assumir as vozes, dando descanso ao seu irmão. Para o final, ficaram guardadas as clássicas «Thorn In My Pride» e «Remedy» que levaram o público ao rubro. Para terminar, a versão de «Rock & Roll», dos The Velvet Underground.
Com mais ou menos público, os THE BLACK CROWES apresentaram-se em Lisboa numa forma incrível, e assinaram um concerto sem falhas numa grande noite de rock’n’roll, como disse mais do que uma vez Chris Robinson.

FOTOS: Jorge Botas