VAI-TE FODER: Celebram 19 anos de carreira com um novo álbum de originais

Pois é, são já dezanove anos a escrever sobre o Poço e outras lições de vida. Depois do EP homónimo, em 2009, os VAI-TE FODER lançaram o primeiro álbum no ano seguinte. «Viciados No Degredo» era o elogio do álcool, noites mal dormidas e retratos da terra natal a que apelidaram de “Poço”. O punk crust corrosivo, e muito in your face, foi crescendo ao mesmo ritmo que os rapazes se tornavam músicos, comiam palco e se promiscuiam noutros projectos. Quando chega «Poço», já todos aqueles que os ouviam sabiam do que estavam a falar. Tornaram-se um dos nomes mais queridos na cidade dita “dos arcebispos” e conseguiram, fora dela, atrair plateias do punk e metal. Com os DOKUGA, em 2020, lançaram «Trapos», uma das melhores obras nacionais, à espera de edição física. Com o regresso aos palcos, o rumor de um novo disco foi correndo. Eis que agora se sabe chamar-se «Cansado» e conter dezanove temas. Gravado no I Scream Studios, em Braga, com produção de Diogo Agapito, o disco tem capa de Moca, artwork de Tareza Terror. A isto, junta-se o espírito “incansável” dos músicos, que nos últimos meses têm dado o litro em palco, mesmo que as litrosas já não sejam o combustível regular. Paulinho e Patife, na voz, Cirro na guitarra, Morcego no baixo e o novato Jordi na bateria. Os cinco albergam-se agora no selo Larvae Records, casa para o novo disco, de que agora se revela a capa.

Tal como os anteriores, este disco tem muito de DIY. Já há uns anos que pertencemos ao colectivo C.D.P. (Cantigas do Poço), explica Paulinho. “Esse colectivo encontrou na galeria de um shopping, o Galécia em Braga, a possibilidade de serem criadas salas para as mais diversas actividades artísticas e culturais. Além dos inúmeros projectos musicais que têm saído de lá, também organizam concertos, divulgam bandas, fazem merchandising, desenvolvem artworks, fazem gravações, têm uma boa zona de convívio para a malta integrante e convidados, mas acima de tudo é um espaço que dá a oportunidade a toda a gente de poder explorar e criar aquilo que querem com o apoio e respeito de todos”. O vocalista revela mesmo que o “álbum foi criado lá, assim como a sua pré-produção mais o vídeo-clip. Também todo o concept da capa foi pensado e trabalhado com o Moca, membro C.D.P., também responsável pela capa do nosso disco anterior”. Na bateria um elemento novo que, na realidade, já acompanha o grupo “há 4 anos”, e que “é também ele uma criatura do Poço de seu nome Jordi. O nome até não será estranho pois “como todos os bateristas é o homem dos mil e um projetos: Capela Mortuária, Morto, Crab Monsters, Dona Flávia, Grunt, Elitium… e não podíamos estar mais satisfeitos com o contributo que tem dado à banda. Tem tido uma evolução brutal ao longo dos tempos e isso nota-se na sua composição e nas prestações ao vivo. Em 2020 fez a sua primeira gravação connosco, o split com Dokuga, e agora terá a sua estreia em álbum”.

Com a abertura dos palcos, a banda voltou à actividade, mesmo com um disco na calha, algo que, segundo o vocalista “para nós é normalíssimo. Ele relembra que em 2023 fazem “vinte anos de banda e durante todo esse tempo isso aconteceu sempre, sendo que desta vez até está a ser o período em que vamos passar menos tempo a tocar temas novos sem estarem lançados. Com o «Viciados no Degredo» e com o «Poço» fomos sempre tocando os temas ao vivo à medida que os íamos compondo, ao ponto de lançarmos os discos e a malta já saber algumas letras de cor. Desta vez não vai haver tempo para tal, visto que não houve espaço para concertos durante as restrições pandémicas e também por já termos tudo alinhavado com a Larvae para o lançamento. Com a gravação do split em 2020, e agora com o lançamento do álbum em 2022, acho que podemos assumir que estamos a atravessar o momento mais produtivo da banda, portanto é aproveitar e deixarmo-nos levar pelo degredo!”. O disco, para já ainda sem data de edição, terá selo Larvae Records, com lançamento em vinil, duas edições em negro e amarelo, bem como CD. A editora vai também relançar o primeiro trabalho «Viciados No Degredo».