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WATAIN: Assim na terra como no céu e no inferno [entrevista]

O Ricardo S. Amorim conversou com o frontman Erik Danielsson sobre o novo álbum de uma das bandas mais importantes do black metal contemporâneo.

Ricardo S. Amorim Por Ricardo S. Amorim
29 de Abril, 2022
Em ENTREVISTAS, PARA LER
Reading Time: 13 mins read
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WATAIN: Assim na terra como no céu e no inferno [entrevista]
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VOA

Formados em 1998, já depois da era dourada (em tons de negro) do black metal, os WATAIN honram esse legado e, desde então, têm dado passos firmes para se tornarem numa das grandes referências do género. Referenciados com um misto de amor, ódio ou medo mas quase nunca com indiferença. «The Agony & Ecstasy Of Watain» é o seu sétimo álbum, e um que nos transporta ao âmago da sua essência, da agonia ao êxtase e do sagrado ao profano, explorando as dicotomias que a compõem. A LOUD! conversou com Erik Danielsson, vocalista e porta-voz da banda sueca sobre este novo trabalho.

As coisas só vão num sentido, e esse sentido é direito ao inferno

Erik Danielsson

O disco anterior, «Trident Wolf Apocalypse», pareceu funcionar um pouco como uma reacção ao seu antecessor, «The Wild Hunt». Um disco mais directo e feroz a suceder a um disco mais épico e atmosférico. Concordas com esta análise, e qual foi a abordagem para este novo álbum?
Acho que tens razão no facto do «Trident» ter sido uma reacção. Quer dizer… talvez não uma reacção, mas uma vontade em fazer algo diferente. O «The Wild Hunt» foi um álbum tão imenso e épico, e de certa forma experimental, que depois disso queríamos fazer algo mais simplista, agressivo e duro. Essa é uma parte muito importante do que Watain é, gostamos do nosso black metal preto e branco, primitivo e duro. Queríamos fazer um álbum assim. Dito isto, tanto o «The Wild Hunt» como o «Trident Wolf Apocalypse», foram dois álbuns para os quais tínhamos ideias muito específicas sobre o que queríamos fazer. Para o «The Wild Hunt» sabíamos de início que queríamos fazer um álbum em que expenderíamos os nossos horizontes e experimentar um pouco, e antes do «Trident» sabíamos que queríamos um álbum muito áspero, simples e violento. Isso foi uma abordagem diferente de todos os outros álbuns de Watain porque nunca trabalhámos assim, e por isso esses dois álbuns pertencem a um conjunto próprio, por assim dizer. Agora voltámos à nossa abordagem mais aberta à criatividade, na qual não temos um objectivo específico sobre como o álbum seria. Apenas mergulhei, o mais fundo que pude, no sistema arcano do meu próprio ser e saí com este álbum. Essa é a forma de trabalhar que prefiro, quando apenas me tenho de preocupar com ser o mais honesto e apaixonado possível com o que faço com a minha criatividade. Era aí que estava desta vez.

E dá-me ideia que as duas abordagens, a simples e directa, e a épica e melancólica, estão bem presentes neste novo trabalho.
Não sei, ainda não pensei nisso. Revejo-me no que dizes, pois as duas vertentes estão presentes no álbum, mas acho que posso dizer isso de todos os nossos álbuns, para ser justo. Adoro a combinação de trevas e luz, do sagrado e do profano, e da agonia e do êxtase. Este álbum tem muito a ver com o encontro de opostos, é disso que estamos a falar. A música tem esses dois lados, e de certo modo é também a isso que o título do disco se refere.

Podes elaborar um pouco mais sobre o título do disco?
Sempre gostei de títulos que incluem o nome da banda, ou uma referência a um nome. Por exemplo, «A Paixão de Cristo» é um excelente título, ou «O Exorcismo de Emily Rose». Estes títulos, de filmes ou de livros, com referências nominais, atraem-me muito. E estava a jogar com essa ideia e pensei como seria se se aplicasse a algumas das minhas bandas preferidas, como «The Agony & Ecstasy Of Morbid Angel» ou «The Agony & Ecstasy Of Pink Floyd». Seria um título interessante para mim, pois se o próprio nome está no título, como seria a música? Queria envolver-nos no título, em vez de referenciar algo externo à banda, queria que o título se referisse exactamente ao que está no álbum. E o que está no álbum são músicas e letras que resultam directamente do que vive dentro dos Watain. Tem a ver com o encontro da agonia (que neste contexto representa uma treva profunda, mortalidade ou finitude de existência: as trevas existenciais) com o êxtase (o seu oposto diametral, que seria uma experiência transcendental e sagrada, no limite da loucura ou possessão). Ambas as coisas são extremas, mas Watain é uma banda de extremos. O que acontece entre esses dois extremos é o que se ouve no álbum, é o som da fricção quando dois polos opostos se tocam. Nesse sentido, estou bastante satisfeito com o título. É muito arrojado e pessoal e representa muito bem esta dualidade que sempre fez parte dos Watain.

Sem surpresas, voltaram a gravar com o Tore Stjerna, que conhecemos bem em Portugal [residiu cá alguns anos]. Além de já ter tocado com os Watain, é alguém que conhecem desde o início e com quem têm uma relação especial. Alguma vez consideraram trabalhar com outra pessoa?
Trabalhamos com o Tore desde a nossa primeira vez em estúdio, e em todas desde então. São quase 25 anos de ligação, e é também ele que nos faz o som ao vivo. A ligação é tão antiga quanto a banda. Nunca trabalhámos de outra forma, embora já tenhamos tentado. Para o «The Wild Hunt» experimentámos trabalhar com o Waldemar Sorychta, que produziu discos dos Samael e dos Tiamat de que gostamos muito e que nos inspiraram naquela fase, mas mandámo-lo de volta para casa passados dois dias. Não funciona, o universo dos Watain é muito especial e é preciso saber como se mover nele e como o abordar. O Tore sabe isso e conhece-nos desde sempre, o que é uma grande vantagem. Não compreendo como uma banda pode ir para um estúdio com material novo e conhecer ali uma pessoa completamente nova. Não vejo razão para isso. Mas também nunca fui da opinião de que um produtor deva ter um grande impacto num álbum, pois este deve vir de uma banda e não de um produtor externo à banda. Mas com o Tore até há mais espaço para isso e ele é uma parte integral do processo, sempre ciente de qual é o seu papel e nunca ultrapassando as fronteiras do que é esperado dele. E tem um grande conhecimento do aspecto técnico do processo de gravação, pois não percebemos nada de microfones e outras coisas do género. Nós trazemos o caos e ele mete-lhe alguma ordem.

E deve ser gratificante, depois de tantos anos juntos, vê-lo a trabalhar com uma banda como Mayhem, não?
Sim, é muito bom. Fiquei contente por ele ter gravado com os Mayhem, especialmente por ser uma das únicas coisas realmente boas, em termos de som, que eles fizeram desde a morte do Euronymous. Acho que, de certa forma, ele salvou os Mayhem nesse aspecto, que sempre estiveram all over the place desde o «De Mysteriis Dom Sathanas». Se há pessoa que devia gravar Mayhem, sem dúvida que é o Tore.

Watain é uma banda de extremos. O que acontece entre esses dois extremos é o que se ouve no álbum, é o som da fricção quando dois polos opostos se tocam.

Erik Danielsson

O assunto é algo inevitável, mas pergunto se este disco já estava escrito antes do início da pandemia, e em que medida esta o terá afectado?
Não acho que isso tenha acontecido, para ser honesto. A minha ideia da pandemia é que é algo muito aborrecido, muito humano e mundano. Tinha esperança que as coisas se tornassem interessantes, quando todo o mundo mudou da noite para o dia, e isso pudesse levar a discussões interessantes, padrões de pensamento ou até criatividade, mas não vi nada disso a acontecer. Acho que a pandemia não teve qualquer impacto neste álbum, que foi feito longe do mundo e de tudo o que está a acontecer. Vem de outro sítio, tal como tudo o que fazemos com Watain, em certa medida. Usámos o tempo como tínhamos planeado, pois tínhamos terminado as tournées quando a pandemia começou, por isso mantivemos o plano. Claro que depois tivemos mais tempo, e ensaiámos bem o material, mas tivemos tempo para fazer uma pausa de tudo e fazer outras coisas.

Que tipo de coisas?
Toda a banda se mudou para o campo, basicamente vivemos agora todos na floresta, ou numa pequena aldeia junto à floresta. Isso foi uma das grandes mudanças que tivemos durante a pandemia, que foi mudar toda a operação para aqui, o que fez muito pela banda e pela criatividade. Torna tudo mais fácil, ter toda a gente no mesmo local. Isso levou-nos algum tempo, além das mudanças foi a adaptação a uma nova forma de viver. Mas, para ser honesto, não tem sido assim tão diferente. Temos andado de mota e escrito música, que não é assim tão diferente do que costumávamos fazer antes.

Mas além do impacto financeiro que a pandemia trouxe às bandas que costumam andar na estrada, houve uma mudança do estilo de vida nómada que costumam ter. Isso não te afectou?
Percebo o que dizes, e estou certo que foi um choque para muitas pessoas, mas eu encarei a situação como uma pausa agradável, sem ter de estar a viajar constantemente. Não foi uma coisa má, ter um local em que me possa sentir em casa durante algum tempo. Acho que só me fez bem enquanto pessoa. Tive mais tempo para reflectir e para conhecer esse lado de mim mesmo. Mas claro que anseio por regressar à vida nómada, mas agora aprecio muito mais estar em casa do que antes.

Sem querer estar a insistir no tema, pois já disseste que o achas aborrecido, mas uma doença que afecta todo o planeta, e que se dizia que iria trazer o melhor de nós, que iria unir as pessoas nesta luta, que se seguiria uma mudança para melhor, aconteceu precisamente o contrário. Enquanto artista que explora o lado mais negro da existência e da espiritualidade, fico curioso por saber a tua opinião sobre os comportamentos que temos visto.
Para ser totalmente honesto, aproveitei para desligar a televisão e pousar os jornais e revistas. Não acompanhei grande coisa passado muito pouco tempo da pandemia ter começado. Virei as costas e foquei-me no que tínhamos a fazer. Mas, do pouco que acompanhei, concordo inteiramente contigo. Uma vez mais, fica provado que os humanos não são a melhor das espécies no planeta, e temos visto exemplos muito pouco inspiradores. Achei que foi uma boa oportunidade para me afastar ainda mais do mundo. Desfrutei deste período, e continuo a desfrutar destas que serão talvez as últimas semanas antes de começar a loucura.

O promopack que a Nuclear Blast enviou inclui o Watain Manifesto 2022. Achaste que havia necessidade de esclarecer alguma coisa, ou o que levou a isto?
Temos muita coisa a dizer e às vezes é bom sumarizar as coisas e minimizar as hipóteses de ser mal compreendido, ou mal citado ou até julgado. Isso aconteceu muitas vezes ao longo dos anos e aproveitei a oportunidade de clarificar algumas coisas. E gosto muito de escrever, por isso achei que seria bom escrever este manifesto. Gosto muito da cena industrial e noise dos anos 80, e na cena underground havia muitas bandas que tinham manifestos. Uma explicação sobre o que queriam fazer enquanto artistas, e essa excentricidade sempre me inspirou muito. Parece que, ao ler aqueles manifestos, ficávamos com a sensação de pertencer a uma organização secreta, ou a um culto ou irmandade, e acho que Watain se adequa a esse tipo de caracterização.

E podemos traçar evidentes paralelos com essa cena industrial com a cena BM do início dos anos 90, não achas?
Sem dúvida. Hoje em dia é muito diferente, é quase uma coisa do passado. Para Watain, essa ideia será sempre válida e será sempre a forma como fazemos as coisas. Recuso-me a fazer o upgrade de Watain para uma expressão cultural moderna. Faremos sempre as coisas da forma antiga. Se isso não fosse possível, acho que nem estaria assim tão interessado em estar numa banda. Penso que esta forma de música deve ser feita da forma que era feita (ou abordada da mesma forma) no início dos anos 90. Havia uma comunidade underground com um sentido de irmandade, era algo fora da sociedade e algo que significava uma forma de vida. Era um código de conduta e de vida em que nos envolvíamos, e ainda é muito assim que vemos as coisas. E sinto a falta desse sentimento em muitos dos nossos contemporâneos.

Apesar desse sentido de irmandade, o facto é que assim que uma banda atingia um certo nível de popularidade, era imediatamente proscrita pela polícia do underground, e os Watain nunca passaram ao lado disso, pois não?
Absolutamente, isso acontece muito. Se ser underground se define por ser uma banda desconhecida, ou tendo uma audiência muito limitada, então claro que Watain não é uma banda underground, e não o é desde o «Sworn to the Dark», talvez. Mas os Watain sempre estiveram e sempre estarão vinculados aos valores do underground, que são valores como a independência artística, antagonismo cultural, luta, conflito, proximidade com os nossos semelhantes e fazer as coisas nós mesmos, e da forma que achamos indicada, que não seja descartável e com os meios ao nosso dispor. Juntando a isso a força de vontade, elementos sagrados e o aspecto da irmandade, todos estes factores estão a segurar o que fazemos, pelo céu e inferno. Dito isto, underground ou não, operamos internamente como uma banda underground. No fim de contas, é apenas um termo, mas que se define por um conjunto de valores. E todos eles representam os Watain em 2022.

Mas os Watain sempre estiveram e sempre estarão vinculados aos valores do underground, que são valores como a independência artística, antagonismo cultural, luta, conflito, proximidade com os nossos semelhantes e fazer as coisas nós mesmos.

Erik Danielsson

Em 2022, e desde os últimos anos, temos presente a cancel culture, e o politicamente correcto fora de controlo. Numa banda de black metal, como vês este contexto cultural?
Tenho uma opinião bastante dura e clara sobre isso. O black metal sempre foi contra normativo, e visto pelo prisma da sociedade actual que descreveste, claro que vai ser muito problemático. Mas deve ser, ou tem que ser, problemático. Não pode ser o novo normal, isso nunca pode acontecer, terá de representar sempre aquilo que é contrário à norma vigente. O que oferecemos com o nosso trabalho, com Watain, é uma posição alternativa a esta visão normativa de ver as coisas. É a alternativa em que ao sentido, significado e valores do mundo moderno não é atribuída a sua perspectiva tradicional. É uma dissolução da moral, um desamarrar do pensamento conservador, que dá lugar a uma abordagem muito mais selvagem e livre da existência. Se estiveres disposto a renderes-te a esta perspectiva, à realidade que oferecemos com o que fazemos, mesmo durante a duração de uma canção ou, melhor ainda, de um concerto, há muito para ser encontrado e ganho. Acho que se pode retirar muito, pessoalmente, de algo que é problemático, extremo e controverso. Mas se a tua abordagem for demasiado analítica, ou estiveres nervoso ou preocupado que tomar parte nisto será complicado para ti, provavelmente vais ficar magoado, ofendido ou com vontade de escrever algo na tua página do Facebook. O black metal deve representar sempre perigo, amor fanático de tudo o que é proibido, e por isso será sempre complicado. Quando crescemos, havia uma banda aqui na Suécia, os Ofermod, que metia um autocolante nos lançamentos que dizia: “ao apoiares o black metal, estarás a apoiar a glorificação da violação, incesto, guerra, homicídio, drogas, opressão, corrupção… pensa duas vezes antes de comprares esta obra de arte.” Acho que eles não eram totalmente honestos com aquela declaração, mas é um belo exemplo da cara feia que o black metal deve ter. Caso contrário, retiras-lhe tudo o que é interessante. Claro que a música fala por si própria, mas ideologicamente, fanaticamente, conceptualmente, o black metal tem de se manter extremo.

Mas com a forma como as coisas estão a evoluir, ou a regredir, corre o risco de ser cancelado.
As coisas estão a ir nesse sentido, de facto, mas coisas mais estranhas já aconteceram. É um pouco o que aconteceu nos anos 80, com o satanic panic, e bandas como Twisted Sister ou Judas Priest irem a tribunal. Mas acho que isso apenas serve o propósito do heavy metal. Quando fomos banidos em Singapura há uns anos, isso tornou-se notícia nacional. Este tipo de atenção serve o nosso propósito, é outra forma do diabo vencer.

Mas algumas bandas não terão o poder financeiro para se defender…
Não se trata de poder financeiro. Trata-se de falares por ti próprio. E se não és capaz de falar por ti próprio, nem sequer devias estar numa banda de black metal. Se não sabes o que estás a dizer e aquilo em que acreditas, então shut the fuck up e vai fazer outra coisa. Eu nunca gastei dinheiro a explicar nada, não se trata de uma questão financeira. O black metal é filosófico, tem uma ideologia forte, e se vais estar numa banda de black metal terás de estar preparado para falar por ti próprio e a defenderes-te. Se não o fizeres, serás apenas uma criança a utilizar as palavras de outra pessoa. Isso é algo que as pessoas têm de perceber: se vão fazer parte de uma cultura que é considerada controversa, ou complicada, aos olhos da generalidade das pessoas, então terão de estar preparadas para encarar esse tipo de oposição e não se queixarem quando acontecer, pois vai acontecer.

Tendo sido cancelada a vossa digressão norte-americana com os Mayhem, que planos têm para o resto do ano?
Vamos fazer apenas alguns festivais na Europa, só para voltar a esse tipo de palcos e mostrar às pessoas que temos feito. Temos também uma tournée europeia planeada, com datas portuguesas, com um cartaz muito bom, muito forte [NR: Abbath, Tribulation e Bölzer], e estaremos aí em Setembro. Portanto, total war mode! As coisas só vão num sentido, e esse sentido é direito ao inferno.

«The Agony & Ecstasy Of Watain» estará disponível no dia 29 de Abril através da Nuclear Blast.

Tags: black metalentrevistanuclear blastsuéciawatain
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Ricardo S. Amorim

Ricardo S. Amorim

A LOUD! teve a sorte de conseguir "contratar" o Amorim em 2011, alguns anos depois do fim do saudoso Underworld - Entulho Informativo, do qual foi editor por largo período. Não só um estudioso dos grandes nomes da era dourada do rock - como atestam os vários LOUD! Classics que já assinou - como também do underground nacional, tendo sido dos principais impulsionadores do nosso livro «Quadro de Honra», e é ainda o nosso especialista residente em assuntos Melvinianos. Em 2017, foi convidado pelos Moonspell para ser o autor da biografia oficial da banda, «Lobos Que Foram Homens», que foi editada no ano seguinte com grande sucesso.

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