BEARTRAP + WITCH CULT + THE SKROTES + PxHxT + REVENGEANCE
12.03.04 – FLUL, Lisboa

Numa letárgica tardezinha de Domingo, onde o sol primaveril que já começa a aparecer ainda torna mais pacata a passagem das horas calmas, nada melhor do que nos irmos enfiar no bar da Faculdade de Letras às 4 da tarde para levar um enxerto de porrada sonora e beber uns copos.

Acabou-se logo a letargia com a actuação de abertura desta bela matiné de powerviolence. Os REVENGEANCE, com o omnipresente João Seixas na bateria e mais um pessoal conhecido, têm aquele ataque vocal duplo, já clássico por ser utilizado em algumas bandas marcantes do género (Despise You e outros que tais), do gajo que grita com rudeza e da moça que dá uns yelps que têm tanto de perturbadores como de eficazes. Os temas são incisivos, porcalhões e de impacto imediato, e o facto de a banda ainda só ter uma cassete editada não impediu que nos massacrassem os ouvidos por mais de 40 minutos de grande qualidade.

Seguiram-se os PxHxT, ou PUSSY HOLE TREATMENT para os menos preocupados com o requinte verbal, e apesar de a diferença de intensidade em relação ao monstro que tocou antes ter sido notória, mesmo assim puseram corpos a mexer no espaço confinado do antigo bar.

O concerto mais punk da tarde foi proporcionado pelos THE SKROTES. A banda do Seixal, última das nacionais a tocar nesta tarde ruidosa, não deixou os seus créditos já conquistados por mãos alheias e largou hinos à simplicidade bruta que atingiram o público incrementalmente alcoolizado como chapadas bem dadas, não deixando ninguém esmorecer.

Chegada a altura dos dois headliners estrangeiros, era recomendável que ninguém demorasse muito nas viagens ao mato para o xixi – é que o assunto resolveu-se num instante. Menos de meia hora tanto para os WITCH CULT como para os BEARTRAP, e verdade seja dita tal foi a descarga que teria sido difícil aguentar mais. Os primeiros, um bando de gente mal lavada do sul de Inglaterra, apresentam-se como “reprobates hailing from Dorset who were accidentally handed instruments“, o que, não estando muito longe da verdade, também mostra que saber tocar às vezes não é tudo. O estampido do powerviolence  praticado por este pessoal ainda hoje ribombará nos ouvidos dos que estavam mais à frente, ou talvez em marcas corporais provocadas pelo vocalista que ainda fez questão de se jogar para cima das pessoas repetidamente num mosh meio descontrolado. “You are nothing special“, é um dos slogans da banda, mas eles até o desmentem com facilidade.

Os Beartrap são de outro continente, vêm de Boston, nos Estados Unidos, mas pelo menos no decurso desta tour até partilham um número considerável de membros da banda com os Witch Cult. Apesar dessa surpresa. o som é consideravelmente diferente. Mesmo grau de tareia, mas mais apunkalhado, mais hardcore, menos barulheira-sempre-em-frente. Um vocalista mais torturado, também, e que assinalou com descontracção o final do concerto dizendo que “não sabemos mais músicas!” Por esta altura já a cerveja tinha acabado, por isso foi mesmo na altura certa.

Assim se passa uma tarde de Domingo, crianças.

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(fotos gentilmente cedidas pelo inigualável Pedro Roque, capaz de sacar maravilhas visuais destas enquanto anda no meio da molhada)

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