A BANDA DA SEMANA DO PAULO ANDRÉ: ABRAMELIN

De volta a este espaço, numa semana para mim marcada pelo final da anterior, na qual abandonei temporariamente as inóspitas planícies alentejanas e me fiz à estrada em direcção a terras de Viriato. O pretexto foi visitar finalmente amigos do peito que há algum tempo regressaram às raízes e o efeito colateral foi assistir pela segunda vez ao Hardmetalfest em Mangualde, agora na sua 19ª edição e da qual vos darei conta mais objectivamente no #143 da LOUD!. Em termos pessoais, trouxe do HMF várias coisas, que impactaram directamente esta última semana:

• um zumbido nos ouvidos, válido por dois dias;

• duas sandes de porco no espeto no bucho;

• uma foto de fanboy ao lado do Paul Speckmann dos Master, na qual pareço ainda mais pateta que habitualmente;

• uma constipação das antigas;

• uma renovada sede por old school death metal.

Tudo aspectos perfeitamente irrelevantes para esta rubrica excepto o último ponto. Diga-se de passagem que foi na antiga loja de discos do mesmo amigo que fui visitar no passado fim de semana que, há uns anos atrás, se entranhou definitivamente o gostinho por death metal sujo e porco. Para isso bastou naquele momento voltar a ouvir a intro de bateria da «Corporal Jigsore Quandary» e o resto, como se costuma dizer, é história. Subitamente os intermináveis temas dos Dream Theater deixaram de fazer sentido, à luz – ou à escuridão, melhor dizendo – de coisas tão fofas quanto os suecos God Macabre ou os escoceses Korpse.

O destaque desta semana surge justamente de uma conversa recente entre nós, onde me deparo com mais uma daquelas bandas bem underground e cujos discos é preciso dar o braço de alguém para adquirir nos dias de hoje. Neste caso os australianos ABRAMELIN que comprovam que a Austrália exportou a este nível bem mais que os seminais dISEMBOWELMENT, banda com a qual os Abramelin tiveram ténues ligações, tal como aos Akercocke. Bem mais sujos e um pouco menos técnicos na sua encarnação anterior como Acheron, foi após a mudança de nome que lançaram o seu álbum homónimo em 1995, gravando anos mais tarde a sequela «Deadspeak» numa altura em que a banda já não estava propriamente activa, a que se seguiu a hibernação, em nada alterada por rumores de uma reunião. Com um toque progressivo e particularmente técnicos, não perdem de vista a brutalidade que qualifica o género, fazendo lembrar os brilhantes Brutality ou os portugueses Genocide. Para quem gosta de DM da velha guarda com a sua quota parte de twists & turns, aqui não há que enganar.

 

Outras coisas, esta semana, por aqui:

 

• Chá de tília com mel e limão com gotas de equinácea (maldita constipação)

• Carnivore, «Retaliation»

• Nachtmystium, «Silencing Machine»

• The Quartet of Woah!, «Ultrabomb»

• Sons Of Anarchy S3

• «Ar de Dylan», Enrique Vila-Matas

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