PROCESS OF GUILT:
PELA ESTRADA FORA

Com um 12” partilhado com os Rorcal, recentemente editado, como ponto de partida, os nacionais PROCESS OF GUILT juntaram-se ao suíços autores de «Vilagvege» e partiram à conquista da Península Ibérica, saindo de Évora e passando por Madrid, Porto, Lisboa, Málaga, Barcelona e Bilbau. No próximo Sábado, dia 1 de Novembro, marcam o regresso a casa com uma actuação no Stairway Club, em Cascais, em que vão revisitar o tríptico «Liar» novamente em formato quarteto, depois de terem expandido a formação na mais recente sequência de datas. Em jeito de antecipação, Hugo Santos, a voz por trás de «Renounce», «Erosion» e «Fæmine», guiou-nos por esta última aventura além-fronteiras.

Que rescaldo fazes desta digressão ibérica com os Rorcal?
Pela primeira vez tivemos a oportunidade de partilhar uma série de datas com uma banda cuja música realmente apreciamos. Só por isso, o saldo seria sempre positivo, dado que partilhar a descarga de Rorcal diariamente é algo que não é para os mais fracos de espírito. Já ambicionávamos fazer uma volta ibérica há uns tempos e, desta vez, pudemos regressar a locais onde já tínhamos actuado e tocar pela primeira vez em sítios onde ainda não tínhamos tocado, como Málaga e Barcelona. Se a isto adicionarmos os 3 concertos em Portugal, só nos podemos dar por satisfeitos por ter conseguido concretizar uma tour com com quase 6000km em tão poucos dias e ter actuado todos os dias como se fosse a última vez.

Consegues apontar um ponto como o mais alto desta leva de concertos?
O ponto alto da tour foi, certamente, o concerto no Musicbox em Lisboa. Desde a afluência do público, às condições de som e luz, passando pela nossa própria entrega, tudo concorreu do melhor modo para uma noite em que toda a gente saiu da sala com um sorriso na cara. Tanto para nós, como para os Rorcal – que estavam efectivamente surpreendidos com o número de pessoas – foi efectivamente um concerto que tão depressa não esqueceremos.

E o mais baixo?
O ponto mais baixo, além da menor afluência em algumas cidades – o que só por si daria para um tópico – tem a ver com o pouco profissionalismo com que muitas vezes ainda somos “brindados” em alguns sítios. Depois de muitos quilometros na bagagem, o mínimo que requeremos é alguma reciprocidade de esforço de alguns promotores. Não tem a ver com dinheiro, com contactos, com bilhetes, apenas com atitude. São alguns amargos de boca que vão ficando, como em tudo, mas que procuramos ultrapassar do melhor modo e corrigir numa próxima incursão.

Sentes que, com as sucessivas investidas pelo estrangeiro, a base de fãs da banda está a mudar?
Se por um lado temos a ideia de que os seguidores da nossa música se têm alterado de acordo com a nossa evolução estilística, por outro, sabemos que há quem nos acompanha de forma indefectível desde o ínício. Entre estes dois pólos não penso que as incursões ao estrangeiro tenham alterado muito a nossa “base” de fãs. Ao longo do processo, claro, houve muita gente que, estando, talvez, mais “presa” aos cânones editoriais europeus dos anos 90, acabou por não aceitar a nossa evolução. No entanto, mesmo fora de Portugal, continuamos a encontrar pessoal que nos acompanha desde o início – e que só agora teve a oportunidade de nos ver – e a conhecer gente que apenas nos segue desde os nossos lançamentos mais recentes. Se alguma mudança houve, penso que ela aconteceu um pouco também nos ouvidos de quem nos acompanha.

Como foi transpor para o palco o triptico «Liar»? Materializar a colaboração com o JP ajudou?
A transposição de LIAR para o palco acabou por ser mais directa do que inicialmente pensámos. Trata-se de um tema (ou temas) com nuances que nos permitem alguma liberdade na sua interpretação, podendo funcionar de forma coerente sem a introdução da componente mais noise. No entanto, poder materializar esta colaboração em palco foi, de facto, um momento alto para nós e para o JP. Digamos que foi o culminar de todo um longo processo que possibilitou que, pela primeira vez, uma actuação de Process of Guilt tivesse 5 membros em palco. No final, tudo resultou do melhor modo e ficámos ainda com algumas portas abertas relativamente à incorporação de novas texturas na nossa música.

Será uma experiência a repetir?
É provável, se as condições forem propícias a isso. No entanto, há um factor geográfico que representa um difícil obstáculo e que tem de ser considerado. Mas, tratando-se de uma colaboração baseada na boa vontade e no gosto comum pela música, vamos deixar as portas abertas e ver o que o futuro reserva.

Fotos: Pedro Roque

Leave a Reply

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.