SÓLSTAFIR:
Derreter o gelo

Para reduzir as coisas ao essencial, digamos que os SÓLSTAFIR são uma banda islandesa de metal, que se juntou em 1995 e, em 2014, lançou o quinto álbum, tendo entretanto conquistado aplausos unânimes por parte do público e da imprensa ao longo de uma carreira sempre em crescendo e que, até ver, não revela sinais de cansaço. O problema é que o quinteto de Reykjavik, por muito consensual que seja, é muito mais que “apenas” isso. Sim, são islandeses e tocam metal, mas muito à semelhança dos Ulver ou Katatonia, começaram por colocar um twist invulgar num sub-género estanque, o black metal. Um verdadeiro enigma no universo da música extrema actual, que não é fácil de descodificar na plenitude, mas a que ninguém que goste de metal que refuta clichés, se consegue manter indiferente. Em antecipação à passagem da tour de promoção a «Ótta» por Portugal, recordamos parte da conversa — publicada na LOUD! #161 — do José Carlos Santos com Aðalbjörn “Addi” Tryggvason na edição deste ano do Eistnaflug.

Estando num festival onde vocês actuaram em todas as edições, na maior parte delas com mais do que um concerto, é inevitável pedir-te um pequeno resumo da relação dos Sólstafir com o Eistnaflug.
Tenho uma longa relação de amizade com o organizador, o Stebbi, bem antes de o festival existir, conhecemo-nos em Reykjavik em meados dos anos 90 porque ele era baterista de uma banda de punk e eu estava numa espécie de banda acústica de comédia rock. Tornámo-nos amigos desde essa altura, e há cerca de dez anos ele mudou-se para aqui, para Neskaupstaður. Estava sempre a queixar-se que já não tinha tempo de ir a Reykjavik ver concertos, e foi então que teve a ideia ridícula de fazer um festival de metal aqui. [risos] Há que perceber que isto é uma cidadezinha remota, no extremo oposto da ilha a Reykjavik, moram aqui 1.400 pessoas e nunca houve rigorosamente nada aqui que tenha a ver com o metal, nem uma banda, nem um concerto, nada. No primeiro ano, a promoção foi um poster A4 mesmo feio, vieram umas oito ou nove bandas e basicamente eram 50 pessoas a tocar umas para as outras. Hoje, dez anos depois, temos 1.500 pessoas no festival e é o que se vê… tocamos aqui há dez anos seguidos, e tornou-se muito importante para nós, porque cada vez tocamos menos na Islândia. Tornou-se no nosso lar aqui enquanto banda, uma espécie de boys are back in town. Há uma ligação invisível e um amor mútuo que nos une a este sítio, é o nosso ajuntamento anual. O nosso pequeno Roadburn, digamos assim.

E pensar que os Sólstafir nem eram para dar concertos.
[risos] É verdade! Quando começámos a banda não íamos tocar ao vivo. Os Burzum não tocavam ao vivo, os Darkthrone também não, os In The Woods… também não, portanto nós também não. O nosso primeiro concerto foi só em 1999, quatro anos depois da nossa fundação. Só tocámos no estrangeiro pela primeira vez em 2004. E agora, temos quinze festivais para fazer só neste Verão…

Esse crescimento estrondoso pesa-te de alguma forma, em termos de responsabilidade?
Não especialmente, porque sempre tive dificuldade com a evolução da banda, mesmo quando não interessávamos a ninguém. Quando fizemos a nossa primeira demo, em 1995, estava estupidamente orgulhoso daquilo. Ouvi-a em casa e pensei, pronto, nunca mais vou conseguir fazer riffs como estes. Nada vai ser melhor, mais vale acabar já a banda. E ainda hoje sinto isso sobre todos os álbuns que fazemos, quando estão terminados.

E como é que ultrapassas isso, para começares a fazer o próximo?
É complicado. Essencialmente, é continuar a insistir. Com o «Ótta», escrevemos a maldita coisa de Setembro a Novembro do ano passado, e só agora é que começo a pensar que é melhor que o «Svartir Sandar». Ainda ontem, no dia zero do festival, quando fizemos um set especial onde incluímos seis temas novos, estava muito nervoso, apesar de termos ensaiado bem cada um deles. Normalmente os nervos desaparecem-me assim que subo ao palco, mas ontem estava nervoso antes de cada tema. Eu próprio não gosto de ir a concertos onde não conheço ainda as músicas, porque raio havia esta gente de gostar? Mas correu bem…

Os primeiros concertos em nome próprio dos SÓLSTAFIR em Portugal acontecem nos dias 27 e 28 de Novembro, no RCA Club e na Sala 2 do Hard Club, em Lisboa e no Porto respectivamente. Os islandeses contam com os ESBEN AND THE WITCH e OBSIDIAN KINGDOM como bandas de abertura.

A LOUD!, em parceria com a PRIME ARTISTS, tem para oferecer entradas para os espectáculos dos SÓLSTAFIR! Ganham os primeiros leitores que nos enviarem um e-mail com o nome completo, número de BI/CC, preferência de local (Lisboa ou Porto) e o assunto “EU QUERO IR VER OS SÓLSTAFIR” para geral@loudmagazine.net.

VENCEDORES:
José Manuel Gonçalves Lampreia
Bruno Manuel de Jesus Nunes e Roldão Marques
Nuno Alexandre Madeira Guerreiro
Bruno Rafael dos Santos Chaves
Joana Veiga de Oliveira
Nikita Rusnak
Rui Paulino Abreu Andrade
Ivo André Patrício Madeira Filipe
André Fernandes Abrantes
Gustavo Alexandre Brás Leite da Silva

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